Ambientalistas investem em projeto de pecuária leiteira no Amazonas
2005-11-28
A criação de gado é um dos grandes vilões do meio ambiente na várzea amazônica, mas, ao mesmo tempo, uma das principais fontes de renda dos ribeirinhos. No
Careiro da Várzea, vizinho a Manaus, as terras inundáveis durante parte do ano
(a várzea) são 90% do território e a pecuária leiteira familiar é principal
atividade econômica do município.
Por isso, desde fevereiro de 2005, o projeto Manejo dos
Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama) está apoiando o subprojeto
Melhoria da cadeia produtiva agropastoril do município , executado pela
Cooperativa Agropecuária Mista do Careiro da Várzea (Copvárzea). – É um trunfo
você contar com apoio dos ambientalistas, que tradicionalmente combatem a
pecuária na Amazônia. Mas nesse projeto estamos justamente desenvolvendo formas
de manejo adequado dos animais, sem causar danos ao meio ambiente-, disse o
gerente local do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas
(Idam), Ofir de Souza Hage, em entrevista sexta-feira (25/11) ao quadro Meio Ambiente
, veiculado todas as sextas-feiras no programa Ponto de Encontro , da Rádio
Nacional (Amazônia) .
São quase R$ 289 mil de investimento do ProVárzea/Ibama, que é um subprojeto do
Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado
pelo Ministério do Meio Ambiente e financiado pela cooperação internacional. A
contrapartida da cooperativa é de R$ 204,5 mil. A verba já possibilitou a compra
de um carro e uma voadeira – e está financiando a criação de um viveiro de mudas
de essências florestais e experiências com inseminação artificial.
Além disso, há seis propriedades particulares, distribuídas por todo o município,
que servem como experimentos de criação do gado de forma intensiva, utilizando
apenas áreas já degradadas. – Cada propriedade tem oito hectares com oito
piquetes, divididos por cerca elétrica. O gado vai sendo transferido para cada
piquete. Só no fim do mês volta ao piquete inicial. Com a rotatividade, dá tempo
para refazer a pastagem natural, já que a terra de várzea é bem fértil, adubada
pelos rios-, explicou Hage. Esse sistema abriga até 40 cabeças de gado e não
funciona durante três meses do ano, no auge das cheias (geralmente, de fevereiro
a abril). Nesse período, o gado fica solto, nas terras mais altas, não
inundáveis (as chamadas terras firmes).
A Copvárzea surgiu há dois anos e tem 34 associados. Na quarta-feira (23/11)
começou a funcionar a fábrica de laticínios construída pela cooperativa, que
deve fornecer queijo para a merenda das escolas estaduais do Amazonas. (Agência
Brasil, 25/11)