Perigo às margens do Parque Nacional Serra do Itajaí
2005-11-25
Uma área equivalente a 100 mil metros quadrados de Mata Atlântica foi dizimada na localidade de Tifa do Caeté, em Apiúna, a apenas cinco quilômetros dos limites do Parque Nacional da Serra do Itajaí.
De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Assistência e Defesa do Meio Ambiente (Academa), Murilo Cristóvão, a floresta estava em estágio secundário de recuperação, com árvores superando a idade de 50 anos, e não poderia ser derrubada.
A abertura de estradas é um indício de que tratores e caminhões foram utilizados para limpar o local e transportar madeira.
O que havia sobrado em alguns trechos, foi queimado. Cristóvão estima a perda em mais de 10 hectares de Mata Atlântica e desconfia que a destruição é obra de madeireiros.
- Isso é muito comum por aqui. Empresas ou pessoas físicas alugam áreas para reflorestar, solicitam o desmatamento aos proprietários das terras, dizendo que têm licença, e evitam responsabilidades. É um caso de polícia - denuncia.
No anonimato, um morador da localidade denunciou o desmatamento a ambientalistas. A Polícia Ambiental foi acionada na segunda-feira pasada, mas prometeu tomar providências no decorrer desta semana.
Segundo o Ibama, barrancos com inclinação superior a 45 graus, topos de morros e locais próximos a ribeirões - características encontradas na localidade por Cristóvão - são consideradas Área de Preservação Permanente (APP).
Queimadas denunciam a devastação
O engenheiro florestal da Fundação do Meio Ambiente do Estado (Fatma) Jairo Claudino dos Santos acrescenta que cortes rasos não podem ser feitos onde há inclinação superior a 25 graus.
Ele explica ainda que o desmatamento só é autorizado em áreas onde as árvores tenham altura média de quatro metros e diâmetro de oito centímetros.
A ilegalidade da devastação é aparente devido à queimada. Um memorando da gerência do Ibama de Santa Catarina, de 5 de maio de 2005, proíbe qualquer tipo de queimada no Estado.
(Diário Catarinense, 23/11/2005 )