Delegação italiana vai ao Alto Solimões para projetar ações em desenvolvimento local
2005-11-25
Uma delegação composta por 16 representantes de quatro regiões do centro-norte da Itália (Toscana, Umbria, Marche, Emília-Romagna) esteve na quarta-feira (23/11) na região do Alto Solimões, no Amazonas, na fronteira com o Peru e a Colômbia. A visita técnica fez parte de um acordo de cooperação internacional federativo firmado entre o Brasil e essas quatro regiões italianas há um ano, segundo o assessor da subchefia de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Remir Castioni.
— O objetivo é identificar potencialidades e obstáculos para a formatação de projetos de desenvolvimento local-, sintetizou. Castioni explicou que a parceria é fruto de uma modificação na Constituição italiana, que deu autonomia às regiões de assinarem acordos com outros países. —Esse é o primeiro acordo após essa alteração. No Brasil, o caráter pioneiro se dá porque os municípios se dispuseram a trabalhar cooperativamente, pensando no desenvolvimento integrado de todo o território.
O acordo tem duração de três anos e a previsão é que os projetos sejam apresentados em junho de 2006. Segundo Castioni, não há previsão de quanto será investido neles. —Depende dos projetos apresentados. Aqui já identificamos como potencialidade a madeira e o pescado. Há perspectivas de que a Itália participe da construção de um centro de referência de madeira, com serviços de apoio a micro e pequenas empresas, como capacitação em gerenciamento, análise de materiais e certificação, contou.
Castioni disse também que a Liga das Cooperativas do Norte da Itália – de acordo com ele é a maior rede de distribuição varejista da Europa – demonstrou interesse pelo pescado e pelas carnes exóticas (como de jancaré) da região. —Para conseguir adentrar o mercado europeu, precisamos antes resolver problemas burocráticos e de logística. Além de ter um selo de denominação de origem controlada, que especifica o que é o produto, como foi colhido, processado, conservado, transportado, de onde veio. Vincula o produto ao território, cria uma marca. No Brasil, isso só acontece com os vinhos do sul-, ponderou.
Os três municípios do Alto Solimões abrangidos pelo termo de cooperação (Tabatinga, Atalaia do Norte e Benjamin Constant) têm relação histórica com a cooperação italiana, por meio da atuação de missionários originários da região de Umbria. —Eles são os responsáveis, por exemplo, pela eletrificação de algumas comunidades do povo Ticuna-, afirmou Castioni.
Além do Alto Solimões e do entorno de Manaus, outros seis territórios são alvo do acordo: Bagé e Santa Maria, no Rio Grande do Sul; Mantiqueira, em São Paulo e Minas Gerais; Araraquara e São Carlos, em São Paulo; e Terra das Confusões, no Piauí. O Amazonas é o último estado a ser visitado pela delegação italiana, que ficará aqui até o dia 2 de dezembro. (Agência Brasil, 23/11)