Viúva de ambientalista participa de audiência na Câmara Federal
2005-11-25
Iracema Sampaio, 57 anos, viúva do ambientalista Francisco Ancelmo Gomes de Barros (Francelmo), que ateou fogo no próprio corpo e morreu em protesto contra a instalação de usinas de álcool no Pantanal, confirmou presença na audiência pública que acontecerá nesta quinta-feira (24), a partir das 10 horas, no Plenário 6 da Câmara Federal (Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável).
A audiência pública foi proposta pelos deputados Geraldo Resende (PPS/MS) e Fernando Gabeira (PV/RJ) para discutir a intenção do Governo de Mato Grosso do Sul em instalar usinas de álcool e açúcar na Bacia do Alto Paraguai (Pantanal).
Os presentes vão se debruçar sobre a intenção do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul de revogar a Lei Estadual 328 de 25 de Fevereiro de 1982, regulamentada pelo Decreto 1.581/82, que proíbe a instalação de usinas sucroalcooeiras no Pantanal.
Essas proposição contraria a Resolução nº 01, de março de 1985, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que suspendeu a concessão de licença para a implantação de novas destilarias de álcool na região. A audiência pública já estava prevista quando o ambientalista Franselmo morreu, após ater fogo ao próprio corpo, no último fim de semana, durante manifestação, em Campo Grande, contrária a presença e usinas de álcool e açúcar no Pantanal.
O sacrifício do ambientalista mereceu destaque na imprensa nacional e mobilizou a opinião pública sobre a decisão polêmica do governo sul-matogrossense. Na mesma maneira, despertou um interesse maior ao debate que terá lugar no próximo dia 24, na Câmara Federal.
O gesto extremo de Franselmo provocou perplexidade além do círculo de amigos e familiares do ativista social, uma vez que o seu perfil era o de uma pessoa ponderada e de idéias e posturas pertinentes.
O suicídio levou a mídia, o governo local e federal a tratarem com mais interesse a temática das usinas de álcool e açúcar no Pantanal, embora o assunto esteja longe de ser consenso. Na semana passada, por exemplo, a visita da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) a Mato Grosso do Sul, provocou uma agressão pública do governador José Orcírio dos Santos, Zeca do PT.
Por intermédio da imprensa ele criticou a ministra, alegando que ela teria dito besteira ao se posicionar contra a instalação das usinas no Pantanal. Zeca do PT também acusou Marina Silva de fazer média com ambientalistas, por conta de ela ter manifestado solidariedade à viúva de Franselmo, durante a passagem por Campo Grande. Disse também que a ministra tem uma visão amazônica do Pantanal.
Em Brasília, as assessorias dos deputados Resende e Gabeira estão mobilizando lideranças políticas e ativistas sociais (ecologistas) de Mato Grosso do Sul e de outras regiões do país. Já confirmaram presença a viúva de Francelmo, Iracema Sampaio, 57 anos; Alcides Farias (Fórum em Defesa do Pantanal); José Elias Moreira (secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos/MS); deputado estadual Ary Rigo (primeiro-secretário da Assembléia Legislativa/MS) e deputado estadual Onevan de Matos, de Mato Grosso do Sul. (Midiamaxnews – MS, 24/11)