Metade do lixo seco é recolhida por catadores na capital
2005-11-25
Na briga pelo lixo seco, a prefeitura de Capital vem perdendo a disputa para os
catadores de papel e de outros resíduos recicláveis. Ao longo dos últimos quatro
anos, o volume recolhido pela coleta seletiva do Departamento Municipal de
Limpeza Urbana (DMLU) caiu pela metade, passando de uma média diária de 60
toneladas para menos de 30 toneladas.
Dos 93 bairros de Porto Alegre atendidos pelo serviço, a situação mais grave é a
do Centro. Conforme admite o diretor-geral do DMLU, Garipô Selistre, 60% do lixo
reciclável na área não é recolhido pela prefeitura. Esse material é arrecadado
pelos chamados carroceiros e carrinheiros (homens que puxam carrinhos de metal)
que, mais ágeis, diariamente percorrem as principais vias da cidade em busca de
papel, plásticos e latas, entre outros resíduos. O material é vendido
diretamente a depósitos clandestinos.
O prejuízo para o município com a ação dos catadores é duplo, explica Seliestre.
Além de reduzir o volume de lixo destinado aos 14 centros de triagem cadastrados
pela prefeitura, os carrinheiros e carroceiros descartam na rua os resíduos que
não lhes interessam, sujando a cidade.
A situação, apontada em relatório que diagnosticou vários problemas encontrados
pela atual administração no DMLU, está motivando a elaboração de um plano para
tentar modificar o quadro. Dentro de 15 dias deverão ser divulgadas as ações,
mas contatos já estão sendo mantidos com lojistas do Centro em busca de
cooperação. Selistre não poupa críticas ao órgão que dirige.
- Faltou gestão ao DMLU nos últimos anos. Hoje, temos coletiva seletiva duas
vezes por semana em apenas 10 bairros, mas temos de estender o serviço para
todos, se possível-, afirma.
Oferecendo a coleta seletiva com uma freqüência maior, Selistre espera
incentivar a separação do lixo seco do orgânico. Na sua avaliação, essa cultura
ainda não está devidamente assimilada pela população. (ZH, JC, 25/11)