Eucalipto divide meio acadêmico
eucalipto no pampa
2005-11-25
Bem menos ruidosa do que a batalha travada entre as empresas de celulose e papel e os ambientalistas, uma pequena discussão acontece no meio acadêmico gaúcho. A razão da controvérsia são os prejuízos ambientais decorrentes do plantio maciço do eucalipto no Pampa. Professores doutores disputam entre si o domínio do conhecimento do tema. São pesos-pesados da Biologia da UFRGS versus a turma da Engenharia Florestal da UFSM.
Pelo Instituto de Biociências da UFRGS, o professor Ludwig Buckup mantém posição crítica as florestas de eucaliptos. Para ele, se no Pampa não existe floresta, é porque não deve haver condições climáticas para isso. — Teria de chover cerca de 33 vezes mais na região para se plantarem os 28 milhões de eucaliptos previstos somente por uma das empresas-, compara.
Conforme Buckup, o Pampa possui uma rica diversidade de espécies que ocorrem somente lá e que já estariam inclusive ameaçadas. — Espécies como o eucalipto, explica, utilizam grandes quantidades de água do solo. Além da ameaça aos lençóis freáticos, os plantios de eucalipto causariam devassa às matas ciliares.
Pelos lados de Santa Maria, surgem vozes respeitadas como a do professor doutor do Departamento de Ciências Florestais, Mauro Valdir Schumacher. Segundo ele, todo novo investimento traz mudanças no local onde é implantado, mas há regras para impedir danos à natureza. — Não queremos que as pessoas vejam a floresta como uma vilã-, afirma.
Favorável aos investimentos das empresas, o professor afirma que a saída é o plantio correto e o respeito aos prazos de corte das árvores. — Há de se observar ainda os locais para a plantação, que não podem ser perto de rios-, explica. Quanto às críticas dos seus colegas, Schumacher destaca que, há 20 anos, o plantio de árvores no sul do Estado ocorreu sem o planejamento necessário. — Na época, as pesquisas sobre o setor eram menos avançadas-, sugere.
Igualmente favorável ao plantio de eucaliptos, o engenheiro florestal também da UFSM, Solon Jonas Longhi, lembra das exigências legais e ambientais que são impostas ao produtor que deseja plantar eucalipto em suas terras. — Atendidas essas premissas sou completamente favorável-, afirmou.
Com 15 anos de pesquisas, Schumacher garante que as árvores de pínus e eucaliptos só trazem vantagens a quem cumpre com as normas estabelecidas. — O convívio dos animais do campo e das árvores não traz prejuízos-, acredita.
As duas universidades estarão representadas no seminário Plantações Florestais no RS: Desafios e Oportunidades, a ser realizado no dia 30 de novembro no auditório da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail: florestamento@ambienteja.com.br
Por Carlos Matsubara