Carbono Social reduz emissões de carbono e melhora condições sociais
2005-11-24
Metodologia brasileira aplicada desde 1998 em projetos sócio-ambientais em comunidades da Ilha do Bananal (TO), o Carbono Social desenvolve atividades socialmente benéficas e que reduzam, ao mesmo tempo, as emissões de carbono na atmosfera. Para o agrônomo Divaldo Rezende, um dos criadores do conceito, a experiência pode ajudar o Brasil a ter ganhos com o Protocolo de Quioto.
Segundo Rezende, a metodologia é uma ferramenta eficaz para monitorar o desenvolvimento sustentável e o nível de qualidade de vida dentro das comunidades. — Esse monitoramento é uma grande dificuldade quando se fala de projetos de desenvolvimento sustentável no âmbito do Protocolo de Quioto. Com a metodologia, damos parâmetros objetivos para se avaliar a eficácia dos projetos sociais com redução de emissões.
O projeto piloto do Carbono Social foi desenvolvido pela ONG Ecológica (www.ecologica.org.b), com sede em Palmas (TO), em cinco municípios da Ilha do Bananal (Pium, Cristalândia, Caseara, Lagoa da Confusão e Dueré). O financiamento partiu de uma competição internacional proposta por uma termelétrica do País de Gales, antecipando em alguns anos a realidade do Protocolo de Quioto.
Rezende explica que o objetivo era mostrar às comunidades a possibilidade de melhorarem de vida com atividades ligadas à redução de emissões de carbono. — O projeto ali incluiu sistemas agro-florestais, redução de queimadas e geração de renda e emprego-, diz. A Ilha do Bananal foi escolhida por sua riqueza ecológica – a região possui ecossistemas de cerrado, floresta e pantanal.
O projeto, descrito no livro Carbono Social, de Rezende e Stefano Merlin (também da Ecológica), incluiu a elaboração de cartilhas de educação ambiental por professores da região, introdução de hortas comunitárias de plantas fitoterápicas, projetos de coleta de sementes nativas, construção de casas de mudas, atividades de reflorestamento realizadas por ex-garimpeiros, treinamento e auxílio técnico para a implantação de cultivos sob o sistema agro-florestal, produção de artesanato local e implantação de uma fábrica de doces de frutas regionais.
— O tripé da metodologia é a educação ambiental, o manejo florestal e a pesquisa científica. A estrutura conceitual gera um panorama da situação e gerencia perspectivas, recursos, estratégias, fatores de ameaça e oportunidades, organizações políticas e relações sociais-, explica Rezende.
Segundo o agrônomo, a metodologia pode ser aplicada em elaboração de diagnósticos, orientação na formulação de políticas públicas voltadas a mudanças climáticas e comunidades e na análise de serviços ambientais fornecidos pelas comunidades tradicionais. — Procuramos valorizar o potencial e os recursos da comunidade. Temos uma concepção holística, sistêmica e flexível. A idéia é incentivar a sustentabilidade local para fomentar a solução dos problemas globais.
Rezende afirma que, com a metodologia do Carbono Social, a ONG detectou que a estratégia de sobrevivência das comunidades locais era precária, principalmente porque estava centrada na degradação do capital natural e na fragilidade do capital social. — A participação das comunidades locais é essencial ao desenvolvimento de projetos ambientais e de seqüestro de carbono, porque eles têm um horizonte de longo prazo, 25 anos no mínimo. O sucesso só é possível quando conseguimos comprometimento total dos habitantes -,conclui. (Com informações da Agência Repórter Social)