As energias renováveis e não contaminantes poderiam abastecer 56,42 vezes a demanda total de energia que os espanhóis consumirão no ano 2050. Esta é a principal conclusão do informe Renováveis 2050, um estudo sobre o potencial das energias limpas na Espanha, apresentado pelo grupo ecológico Greenpeace.

–A Espanha é um país rico em energias renováveis, que são a forma mais segura e limpa de garantir o abastecimento energético e cumprir o Protocolo de Kyoto. Deve-se aproveitar esses recursos e não seguir investindo em centrais térmicas e nucleares, que nos obrigam a depender de energias mais sujas, caras e importadas– assinalou, durante a apresentação, Juan López de Uralde, diretor da ONG na Espanha.

Na Península, o maior recursos é o sol. Segundo o informe, somente com as atuais energias que aproveitam o calor do sol (termelétrica e fotovoltaica solares) se poderia gerar 45 vezes a demanda de eletricidade em 2050. –Nossa maior fonte é o sol, mas o governo tem que mudar o papel marginal que tem dado até agora às distintas formas de aproveitamento da energia solar–, assinalou José Luis García Ortega, responsável pela campanha de energia do Greenpeace.

Segundo o informe elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Pontifícia Universidade de Comillas, os recursos energéticos renováveis estão amplamente distribuídos por toda a Espanha, em razão do que existem infinitas opções para escolher por este tipo de energia utilizando somente 5,3% do território e excluindo as zonas protegidas.

O Greenpeace compara o – elevadíssimo potencial das energias renováveis na Espanha à timidez do Plano de Energias Renováveis apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente–, que pretende cobrir com energias limpas 12% da demanda em 2010, e cuja principal aposta é a energia eólica, no lugar da solar.

O objetivo deste projeto é averiguar se as renováveis são suficientes para cobrir a demanda energética da sociedade e verificar se é possível encontrar uma solução para a mudança climática mediante a substituição completa dos combustíveis fósseis por energias renováveis, com um uso energético mais eficiente.

A Segunda parte do estudo, que será publicada no ano que vem, se ocupará de calcular quantas energias renováveis se poderiam integrar ao sistema elétrico e como se poderia compor um mix de geração 100% renovável que satisfaça toda a demanda de eletricidade até 2050. (El Mundo, 23/11)