(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2005-11-24
Eles são pequenos, quase imperceptíveis a olho nu, mas desempenham um papel importante no monitoramento das águas Nem só o que se destaca aos olhos das pessoas pelo tamanho é sinônimo de relevância. No meio ambiente é assim. A visibilidade característica de grande parte dos animais não é diretamente proporcional ao nível de importância do papel por eles desempenhados no ecossistema. Os insetos aquáticos da Amazônia comprovam essa teoria. Dispersos em rios e mananciais da região, alguns são quase invisíveis a olho nu. Mas não os subestime, eles são considerados importantes indicadores da qualidade das águas dos igarapés e dos grandes rios da região e, por esta razão, são alvo de estudos realizados em diferentes áreas por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

— As pessoas banham-se em rios e igarapés da região, mas como não vêem os insetos, pensam que eles não existem - explica a pesquisadora do Inpa Raquel Telles, da Coordenação de Pesquisas em Entomologia. Segundo ela, a relação entre os insetos e o meio ambiente local é de total interdependência, ou seja, um ajuda no equilíbrio e na subsistência do outro.

— Os insetos aquáticos são os grandes responsáveis pela ciclagem dos nutrientes, transformando matéria orgânica em inorgânica e enriquecendo o ambiente - afirma Telles. — Além disso, como fazem parte da cadeia alimentar aquática, atuam no equilíbrio do ecossistema evitando, por exemplo, a superpopulação de algas e zooplânctons (comunidades de pequenos animais que vivem em suspensão nas águas doces, salobras e marinhas) e mantendo uma fonte segura de alimentos aos peixes, tartarugas, pássaros e outros animais - acrescentou.

Mas os benefícios vão além. Alguns insetos aquáticos são responsáveis pela fragmentação da folhagem que cai das árvores e vai parar no fundo dos igarapés. Chamados de cortadores, esses seres retalham a folha em pequenos pedaços, permitindo que outros grupos como os fungos terminem o processo de decomposição do material.

Tidos como referência pelos pesquisadores no que se refere à avaliação da qualidade das águas de rios e igarapés da região, os insetos aquáticos representam um termômetro do nível de poluição ou contaminação a que estão sujeitos esses ecossistemas.

— Quando uma região está com a água contaminada, alguns grupos de insetos rapidamente desaparecem, em contrapartida, outros acabam surgindo em maior número - explica Telles. Assim, coletas de material ao longo do igarapé e, posteriormente, a análise do seu conteúdo pode revelar o nível de contaminação em que se encontra o igarapé ou o rio.

Esse procedimento é utilizado com maior freqüência em igarapés, devido à própria extensão e profundidade que viabiliza a amostragem. Como a maioria dos insetos aquáticos vive submerso a coleta de uma amostra deve ser realizada em folhiço (folhas mortas), troncos, raízes e até mesmo no fundo do igarapé, e, no caso dos rios, o processo seria mais complicado, levando-se em conta que os rios da região são consideravelmente extensos e profundos, pré-requisitos indispensáveis para a navegação de grandes embarcações.

— É preciso ter uma ferramenta eficaz para verificar de forma rápida se determinado ambiente fora alterado - salienta a entomóloga Maria José Nascimento Lopes, que também faz parte do estudo com essas populações.

É importante salientar a necessidade da realização de estudos taxonômicos básicos (reconhecer e dar nomes às espécies), como os que vêm sendo desenvolvidos desde a criação do Inpa há 50 anos, para o desenvolvimento de ferramentas que poderão ser assimiladas e comprovadas como conhecimento científico replicável, ou seja, que possa ser submetido a novas experimentações em eventos similares.

— É um estudo que busca o desenvolvimento de metodologias para a avaliação biológica rápida dos corpos dágua. Se nós não utilizarmos esse benefício gerado pelos insetos, chegará o momento em que ecossistemas serão destruídos e as pessoas nem saberão o que existia naquele local - declara Lopes.

Como forma de resguardar parte do conhecimento gerado nessa área – indo além da preservação do ambiente dos insetos – muitos dos exemplares estudados são catalogados e armazenados nas Coleções Científicas do Inpa (no Acervo de Invertebrados). Assim, eles servirão de fonte de dados permanente para consultas futuras, por parte da comunidade científica nacional e internacional e da população.

Clima interfere no tamanho dos insetos Basicamente, a vida de um inseto, aquático ou não, está condicionada ao acasalamento e à reprodução. Para manter esse ciclo vital ativo, alguns insetos, especialmente os que residem próximo à zona temperada (onde as estações do ano são bem definidas), fazem uma reserva de energia para suportar os longos invernos. É uma espécie de hibernação, similar a que os ursos fazem.

— Durante o inverno, os insetos gastam menos ou quase nada de energia. Eles esperam a melhoria das condições climáticas para poderem se reproduzir - informa Maria José Lopes. Esse racionamento energético acaba tornando-os maiores. Em Campos do Jordão, no estado de São Paulo, ou em locais de clima temperado, por exemplo, onde o frio é mais intenso, alguns insetos, de tão grandes, são até utilizados como iscas para pescaria.

Como a Amazônia está situada nos trópicos, região de clima quente, com inverno caracterizado somente pela temporada de chuvas, as gerações são mais curtas e os insetos aquáticos não precisam poupar energia para a época da reprodução e acasalamento. Em vista disso, eles são bem menores.

Morte dos insetos é sinal de poluição na água Durante exposição na Semana de Ciência e Tecnologia (C & T), realizada de 3 a 9 de outubro desse ano, os pesquisadores da Coordenação de Pesquisas em Entomologia montaram dois aquários no Laboratório de Entomologia do Inpa que continham alguns exemplares dos insetos aquáticos. Um representava o igarapé poluído (água suja e lixo) e o outro representava um igarapé natural (de águas limpas). Em frente aos aquários, colocou-se uma pergunta para as pessoas: Qual ambiente você quer morar? Era uma forma de explicar para a população que esses insetos são importantes indicadores da qualidade de água não porque desenvolveram um método de sobrevivência às toxinas, mas, ao contrário, por serem altamente sensíveis à qualquer alteração no ambiente aquático e não resistirem. Ou seja, a morte desses insetos é um sinal que os pesquisadores têm para constatar o dano ambiental. Portanto, o melhor meio de se preservar essa fauna é manter os seus ecossistemas intactos.

Contato na água é imperceptível, porém inevitável O primeiro sentimento despertado nas pessoas ao vislumbrarem a presença desses pequenos insetos em rios e igarapés da região é a admiração, por vezes medo. Como esses ambientes recebem freqüentemente a visita da população, que busca lazer, diversão e um espaço para reflexão, nos diversos e incríveis mananciais de água doce da região, o contato com os isentos é imperceptível, porém inevitável. Na Semana de C & T, muitos aprenderam que os insetos são inofensivos além de importantes para o meio ambiente.

— Esses insetos não representam um risco para as pessoas. Apesar de presentes nos igarapés, eles estão sempre muito bem escondidos sob as cascas de árvores, pedras, fundo do rio, na vegetação - destaca Raquel Telles. Mas a pesquisadora garante: quem quiser vê-los é só atentar para determinados lugares do próprio ambiente.

Cientistas divergem sobre origem dos insetos Viver na água é uma grande estratégia, afirma Raquel Telles. Mesmo diante dessa afinidade dos insetos pelo ecossistema aquático, cientistas ainda de todo o mundo buscam descobrir qual seqüência evolutiva foi percorrida pelos Invertebrados, ordem à qual os insetos pertecem.

— Alguns acreditam que os insetos originaram-se no ambiente aquático e depois evoluíram para a vida terrestre. Outros pensam o contrário. Ainda não existe uma comprovação científica que esclareça a verdadeira origem desses animais - aponta a pesquisadora. Fazendo uma avaliação do número e do tamanho dos predadores dos insetos no meio ambiente como um todo, pode-se dizer que os terrestres representam um perigo mais imediato a esses pequenos seres, pois são mais diversificados do que os predadores aquáticos.

— Portanto, preservando os diversos ambientes aquáticos, estamos também preservando a diversidade dos insetos aquáticos e de todos os seres que deles dependem, quer seja pela sua importante contribuição na ciclagem dos nutrientes, quer pela indicação de alteração no ambiente, ou pela manutenção da cadeia alimentar do planeta - finaliza Maria José Lopes. (INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 22/11)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -