A construção de barragens na bacia do rio Tocantinzinho contraria os objetivos de conservação ambiental do programa Reserva da Biosfera, da APA Pouso Alto e do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O represamento da água do rio Tocantinzinho e dos seus afluentes resultaria na inundação de vales e na destruição das florestas e das matas ciliares que se concentram nas margens dos rios. Essa rica vegetação ribeirinha contrasta com a cerrado seco das serras e dá proteção, abrigo e alimento para a maioria dos animais migratórios. Os diversos animais transportam, de uma região para outra, uma grande variedade de sementes, esporos, bactérias em seus pêlos, pelugens e nas suas fezes. Durante essas viagens, os animais também acasalam e trazem diferentes genes de outros membros da sua própria espécie. Isso tudo mantém o equilíbrio e a saúde ambiental de toda a região.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros protege os inúmeros campos úmidos de altitude e nascentes das cabeceiras dos principais rios e bacias hídricas da região. Essa área de junção de nascentes e microbacias interliga os corredores de fauna que vem de outras vertentes. A Área de Proteção Ambiental - APA Pouso Alto protege a região maior, os vales e as baixadas mais férteis das microbacias do entorno do PNCV, que sustentam direta e indiretamente a grande diversidade de vida da toda a Chapada. Sem a proteção da APA Pouso Alto, de pouco valeria a proteção apenas do PNCV.

A proteção dessas Unidades de Conservação ajuda a conservar a natureza de toda essa região considerada pela UNESCO como Reserva da Biosfera. A Chapada dos Veadeiros também é titulada como Patrimônio Natural da Humanidade, em reconhecimento dos compromissos ambientais internacionais assumidos pelo Brasil com a proteção legítima dessas Unidades de Conservação. Por isso precisamos continuar as manifestações para que o novo governo retire definitivamente as barragens Mirador e São Vicente das licitações da ANEEL/MME. (Jornal da Biosfera – GO, 22/11)