Comunidades tradicionais protestam contra a construção de Tijuco Alto
2005-11-23
Na semana passada, nos dias 18 e 19 de novembro, mais de 1800 pessoas ligadas ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a outras organizações de resistência participaram do ato contra a construção da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, em defesa do Rio Ribeira de Iguape e pela preservação de 12% do que ainda resta de Mata Atlântica no Brasil e que se concentra no Vale do Rio Ribeira, em São Paulo, local onde a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) quer construir a barragem. Muitas aldeias indígenas e quilombolas também protestaram e uma das reivindicações é a demarcação de seus territórios.
Os projetos de construção de hidrelétricas no Vale do Ribeira vem de longas datas. Já na década de 80 foram as primeiras investidas dos construtores de barragens. Nesta época também iniciou a resistência das comunidades para que as obras não fossem construídas.
— As famílias entendem que o rio é a maior riqueza da região e que, portanto, não deverá servir para enriquecer grandes grupos econômicos como a Votorantim - diz Edson Rodrigo da Silva, liderança do MAB na região.
Durante mais de 20 anos a CBA, de propriedade da Votorantim, vem dizimando o povo e dizendo que estas famílias são empecilhos para o desenvolvimento da região. No entanto, toda a energia gerada será para a indústria de alumínio da CBA, localizada em Mairinque/SP. Depois de muita luta do povo, em 2003 a empresa teve o seu projeto indeferido pelo IBAMA, no entanto a CBA continuou fazendo novos estudos que foram entregues ao IBAMA em outubro deste ano.
— Entendemos que água e a energia são bens públicos e tem que estar sob o controle do povo brasileiro e não nas mãos de grandes grupos econômicos que só empobrece os trabalhadores. A UHE de Tijuco Alto será um desastre para nós que moramos na região, ela é uma ameaça à sobrevivência de centenas de famílias quilombolas e comunidades tradicionais que têm seu modo de vida intimamente ligado ao rio - finaliza Edson. (MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, 22/11)