Mais de 580 mil m³ de madeira apreendidos
2005-11-23
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou ontem o balanço geral das operações de combate ao desmatamento, realizadas desde 2003. As ações envolvem vários órgãos do governo federal, estadual e prefeituras. No total, 582.419,043 mil metros cúbicos de madeira, extraída ilegalmente, foram apreendidos.
Segundo o balanço, R$ 573 milhões foram aplicados em multas, e a Polícia Federal prendeu 222 pessoas, sendo 63 servidores públicos e 159 madeireiros, despachantes, contadores e outros. Foram recolhidos ainda cerca de 60 caminhões e 600 motosserras usadas em atividades irregulares. Todas as operações seguiram o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal.
— O êxito dessas operações se deve à atuação conjunta, iniciada em 2003, de todos esses órgãos do governo federal e também da Justiça, como a Polícia Federal, as Forças Armadas, do Imac, da Polícia Rodoviária e Militar, do Ministério do Trabalho e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Todos se envolveram muito e o saldo é positivo até hoje - comemora o gerente do Ibama no Acre, Anselmo Forneck.
As medidas de combate ao desmatamento envolveram ações de investigação e fiscalização, a implantação do sistema de monitoramento por satélite Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) e um maior controle sobre planos de manejo para exploração ambiental.
As operações desbarataram corrupção inclusive de fiscais do Ibama, que atuavam em conjunto com alguns madeireiros e fazendeiros.
Operações de sucesso
Quatro grandes operações foram desencadeadas de 2003 até hoje: Faroeste, Setembro Negro, Curupira e Ouro Verde. A Operação Ouro Verde, realizada no começo deste mês, resultou na prisão de 39 pessoas nos estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Rondônia e Rio Grande do Norte - dois fiscais e 37 empresários.
A operação desmantelou uma quadrilha que fabricava, distribuía e vendia falsas ATPFs. Só nos municípios de Paragominas, Tailândia, Tomé-Açu e Tucuruí (PA), no último ano, empresas comercializaram ilegalmente 75 mil metros cúbicos de madeira em toras de espécies como ipê e jatobá a um valor de R$ 70 milhões.
Para evitar que outras autorizações falsas circulem na região, o governo suspendeu até 27 de novembro deste ano o fornecimento de ATPFs no Pará, em Rondônia e no Maranhão. Já a Operação Setembro Negro (em Rondônia), em julho de 2003, levou à prisão de quatro servidores e de 13 madeireiros. A Operação Faroeste (no Pará), em dezembro de 2004, resultou na detenção de 18 pessoas, sendo oito funcionários do Incra.
A Operação Curupira 1 (Mato Grosso), realizada em junho deste ano, desmantelou o maior esquema de fraude, envolvendo a exploração ilegal de madeira na região. A quadrilha atuava há 14 anos nesse Estado.
O esquema foi responsável pela exploração ilegal de 1,9 milhão de metros cúbicos de madeira, suficientes para carregar 76 mil caminhões.
A Operação Curupira teve desdobramento em agosto último, com o desencadeamento da Operação Curupira 2 (em Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Santa Catarina). As duas operações resultaram na prisão de mais de 148 pessoas, entre as quais 59 empresários e 49 servidores do Ibama. Para incrementar as ações de combate ao desmatamento, em 2004, o governo federal investiu R$ 40 milhões e definiu a instalação de 19 bases operativas do Ibama, equipadas com instrumentos de última geração para detectar novos focos de desmatamento. Em 2005, até o final do ano, serão investidos, em fiscalização, R$ 36 milhões. (Jornal do Brasil, 22/11)