Conferência Estadual do Meio Ambiente em SC começa com críticas a madeireiros
2005-11-23
Foi aberta nesta terça-feira a II Conferencia Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina, que encerra hoje (23/11), elegendo os 46 delegados que irão para a Conferência Nacional, de 10 a 13 de dezembro, em Brasília. O primeiro dia de discussões trouxe as palestras Áreas Protegidas e Política Ambiental Integrada e Uso Sustentável dos Recursos Naturais. O resultado das propostas elaboradas pelos grupos de trabalho será apresentado e votado na plenária de hoje à tarde.
A II Conferência Estadual do Meio Ambiente vai debater propostas discutidas previamente nas conferências regionais realizadas desde o dia 4 deste mês em cinco regiões do estado, nas cidades de Lages, Criciúma, Joinville, Itajaí e Xanxerê. A participação popular nas regionais, segundo o Ibama, foi pouco expressiva, apenas 642 pessoas participaram das conferências, onde foram eleitos 235 delegados.
— Poderíamos ter elegido 350 – disse o gerente executivo do Ibama em Santa Catarina, Luis Ernesto Trein.
Na conferência estadual serão eleitos até 46 delegados, dos quais 23 representando ONGs e movimentos sociais, 15 representando o empresariado e oito representando o governo.
Durante as palestras, o diretor de proteção ambiental do Ibama, Flavio Montiel falou sobre poluição e criticou a disseminação indiscriminada de grandes empreendimentos que agridem o meio ambiente.
— Muito se fala em poluição urbana. De fato, vendo de cima, parece um câncer. Mas hoje, no Brasil, a maior causa de emissão de gases do efeito estufa é a conversão de florestas por queimadas e desmatamentos – disse. Segundo ele, dois terços da poluição do ar vêm da conversão das florestas e apenas um terço vem da queima de combustíveis fosseis.
Ao responder às críticas sobre as restrições impostas pela legislação ambiental aos produtores que vivem próximos a áreas de preservação, Montiel atacou os grandes empreendimentos madeireiros.
— O problema na legislação ambiental é ela ser usada para expulsar moradores e implantar grandes projetos de reflorestamento. Isso acontece nos três estados do Sul – denuncia. De acordo com Montiel, 93% dos desmatamentos na mata atlântica são causados por grandes empreendimentos de desmatamento, monocultura e produção de papel e celulose.
O diretor de proteção ambiental do Ibama disse que é preciso ampliar a área de mata atlântica em pelo menos 35%, que, segundo ele, é o que existiria hoje se tivessem sido preservados os percentuais legais de remanescentes nas comunidades rurais.
Na palestra sobre Áreas Protegidas, o coordenador do Núcleo de Biomas do Ministério do Meio Ambiente, Wigold Shaffer disse que, conforme padrões internacionais, cerca de 10% de cada ecossistema no País deveriam ser protegidos em forma de Unidade de Conservação.
— Em Santa Catarina, somando todas as UCs criadas, protegemos 3% - disse.
Por Francis França