Crise global da água: situação atual
2005-11-23
A demanda por água está constantemente aumentando e, ao menos que ações urgentes sejam adotadas, provavelmente pelo ano de 2025 dois terços da população mundial viverão em países que sofrem de falta de água e alimentos. O acesso per capita aos recursos hídricos vai declinar a passo firme nos próximos anos devido à variedade de fatores que incluem o crescimento populacional, a poluição, a crescente pobreza e conflitos causados pela mudança climática.
Nenhuma região ficará livre do impacto da crise da água, que irá tocar todas as facetas da vida, tendo efeitos sobre a saúde infantil, por exemplo, e também sobre a habilidade das nações em assegurarem abastecimento de recursos hídricos e alimentos para todos. Nos próximos 20 anos, a média de suprimento de água por pessoa deverá cair em um terço.
Apesar da ampla disponibilidade de evidências dessa crise, os compromissos para reverter as atuais tendências permanecem fracos. Atitudes e comportamentos estão no centro do problema. Dependendo de fatores como crescimento da população e elaboração de políticas, as melhores estimativas são de que 2 bilhões de pessoas, em 48 países, irão enfrentar escassez de água até a metade deste século. O pior cenário indica escassez para 7 bilhões de pessoas em 60 países.
A mudança climática será responsável por um declínio estimado de 20% na disponibilidade mundial de água. As áreas úmidas terão mais chuvas e as regiões secas terão menos chuvas, mas padrões de precipitação que irão provavelmente se tornar mais erráticos, mesmo em regiões tropicais e subtropicais. A qualidade da água também vai piorar com o aumento dos níveis de poluição. Cerca de 2 bilhões de pessoas atualmente sofrem com a falta de saneamento básico. Contudo, a crise do saneamento delineia uma situação pior. A cada dia, cerca de 2 milhões de toneladas de efluentes residuais não tratados são lançados em lagos, canais, e um litro de efluentes polui oito litros de água potável.
Existe uma poluição estimada em 12 mil quilômetros cúbicos de efluentes em todo o mundo. As populações mais pobres são as mais afetadas. Metade da população dos países em desenvolvimento está exposta a fontes de águas poluídas.
Os grandes problema serão a qualidade e o gerenciamento da água. Mais de 2,2 milhões de pessoas morrem todos os dias de doenças relacionadas ao consumo de água contaminada e devido à falta de saneamento. Sabe-se que tais mortes não se devem à falta de conhecimentos técnicos, nem mesmo à falta de água em si mesma. Sabe-se que essas mortes e doenças são preveníveis.
A captação de água em fontes naturais é a opção em muitas regiões do mundo e, em outras, constitui uma provisão complementar. Diversas comunidades ao redor do mundo têm coletado água dessas fontes porque é uma solução mais simples. Esta tem sido uma estratégia tradicional para habitantes de ilhas e de regiões secas, e tem ajudado a proteger os ecossistemas. Agora, outras comunidades estão sendo drasticamente afetadas pela mudança climática e pelos padrões de precipitação, tendo que recorrer a fontes naturais para se adaptarem às novas condições ambientais.
Mas a água da chuva, fonte de todas as águas superficiais do globo terrestre, ainda não é reconhecida como parte essencial da gestão integrada de recursos hídricos! O relatório World Water Development de 2003 delineou um debate acerca dos preços da água e das tendências à privatização do serviço de abastecimento desse bem. Embora seja essencial envolver o setor privado na integração da gestão dos recursos hídricos, isto não seria uma pré-condição de muitos programas abastecimento.
O controle desse ativo e s recursos da chuva deveriam permancecer nas mãos de governos e de captadores individuais de água. O aumento dos financiamentos internacionais e as instituições de comércio – Organização Mundial do Comércio, Fundo Monetário Inrternacional e Banco Mundial – são determinantes em uma política global de água.
Enquanto os governos abandonam o controle dos sistemas domésticos de água sob a pressão de instituições e de tratados de comércio regionais, corporações multinacionais estão ganhando acesso sem precedente a reservas nacionais e locais de água. Como resultado, os lucros do setor privado nesta área estão sendo colocados antes das necessidades humanas. As mulheres têm papel central na integração e no gerenciamento dos recursos hídricos, no entanto, este papel continua sendo negligenciado. Para se atingir o objetivo do milênio no que diz respeito à água, é necessário atender pessoas sem acesso à água – até 2015, mais 1,5 bilhão de pessoas irão requerer o aumento do acesso à água. Isto significa necessidade de aumento de serviços para outras 100 milhões de pessoas a cada ano (274 mil por dia), de 2000 a 2015. O desafio do saneamento é igualmente colocado como um fator cultural a mais para complicar as dificuldades logísticas e financeiras no abastecimento de água. (Com informações da International Rainwater Harvesting Alliance)