Técnica de plantio evita perdas do solo
2005-11-23
O feijão que cresce viçoso entre os pés de milho é resultado de uma técnica que
começa a ser testada em quatro propriedades do interior de Vera Cruz. Com uma
proposta simples, o sistema de fileiras duplas – já usado na resteva do fumo –
visa a mais que o aumento na produtividade. Desenvolvido a partir de
experimentos propostos pela Emater do município, o modelo produtivo foi
apresentado para garantir maior aproveitamento do solo, preservação dos
nutrientes e prevenção da erosão.
A diferença em relação à técnica já utilizada é que dessa vez o plantio do
feijão e do milho ocorreu na safra do cedo (cultivada a partir de agosto). O
desenvolvimento das plantas começou a ser acompanhado nas últimas semanas, e os
resultados somente serão conhecidos ao final da safra. A idéia, de acordo com o
técnico agrícola da Emater, Welton Weber, é, após a retirada do feijão, plantar
milho no local onde ele estava. Ao final do processo, o terreno vai ser coberto
com aveia, destinada a criar cobertura vegetal para proteger o solo e alimentar
os animais. – Tivemos muitas chuvas que provocaram erosão. Com essa técnica a
terra vai ficar coberta evitando que a água arraste os nutrientes-, completou.
Uma das propriedades onde está sendo realizado o experimento fica na Linha Mato
Alto, na qual num terreno com 2,5 mil metros quadrados foi plantado milho em
fileiras duplas e por entre as mudas feijão. – Se não tivesse feijão, essa terra
não estaria sendo utilizada para nada-, explicou.
O cultivo consorciado pode resultar em produtos de maior qualidade. O fato de o
feijão crescer entre o milho ajuda a proteger as plantas do vento, que ocasiona
a antracnose, uma doença semelhante à ferrugem, que afeta a rentabilidade do
grão. Outro diferencial é que não foram utilizados defensivos agrícolas para
eliminar ervas daninhas. – Para a limpeza, a arma foi a enxada-, salientou.
A idéia de usar o cultivo de fileiras duplas em camalhões alternados surgiu
durante a edição deste ano da Expoagro Afubra. Os canteiros experimentais
preparados depois da colheita do fumo estavam expostos no espaço reservado à
Emater. – Um agricultor chegou e sugeriu que fosse adotado o mesmo sistema no
milho do cedo-, recorda. A partir daí foram feitas análises de viabilidade e
buscados parceiros. O agricultor Henrique Wolffenbüttel, 45 anos, aceitou o
convite da Emater e cedeu as terras para a plantação das duas variedades. –
Estou ansioso para ver os resultados, mas tudo indica que vai dar certo-,
destaca.
Sistema será utilizado na lavoura de fumo
A partir de janeiro deve ser desenvolvida uma nova experiência nas lavouras do
agricultor Henrique Wolffenbüttel. Dessa vez a proposta é plantar milho na
resteva do fumo, como já ocorre, e em seguida aveia para formar cobertura
vegetal e evitar que o solo seja lavado pelas chuvas.
A diferença da proposta consiste no espaçamento das plantas, que ficarão mais
distantes uma das outras. – Nas lavouras convencionais os pés de milho ficam
muito perto uns dos outros, o que ocasiona falta de luminosidade para a aveia,
que não se desenvolve muito bem-, explica Webwer. O modelo proposto, a partir de
agora, busca melhorar o rendimento das folhas, que servem para formar a palhada
que recobre a terra onde está o fumo. (Gazeta do Sul, 22/11)