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2005-11-22
Muitas das lojas de mobília do Reino Unido, centros paisagísticos e jardins estão cheios de madeira extraída ilegalmente. Segundo um estudo do WWF (World Wildlife Fund - Fundo Mundial para a Natureza), a Grã-Bretanha lidera os países da União Européia no que diz respeito à destruição ilícita de florestas tropicais.

Conforme a pesquisa do WWF, 28% da madeira que chega ao Reino Unido vem de árvores que não deveriam ter sido cortadas, e a Grã-Bretanha ainda permanece como importadora de madeira ilegal, mais do que qualquer outro país europeu. O corte ilegal de madeira causa problemas ambientais e sociais, incluindo mudança climática, redução de ganhos públicos, aumento da corrupção, remoção de povos indígenas de suas áreas originais e perda de habitat, de modo a ameaçar a sobrevivência de animais.

Em seu relatório chamado Queda das Florestas: Comércio Ilegal de Madeira pela Europa, o WWF estima que a União Européia é responsável por 3 bilhões de euros (2 bilhões de libras) dos ganhos globais de 10 bilhões a 15 bilhões de euros movimentados por este tipo de comércio, valor que equivale às perdas sofridas pelos países de origem da madeira. Das importações anuais da Grã-Bretanha de cerca de 7,9 milhões de metros cúbicos de madeira, o grupo ambiental acredita que 2,2 milhões de metros cúbicos são ilegalmente extraídos: 600 mil hectares de florestas por ano – o equivalente a três vezes a extensão de Luxemburgo.

Se forem incluídos o papel e a madeira das árvores cortadas de forma ilegal – que levam ao Reino Unido 2,3 milhões de metros cúbicos – a Finlândia e a Suécia estão em situação de maior agressão, sendo responsáveis por 5,1 milhões e 2,6 milhões, respectivamente. O total correspondente à Grã-Bretanha é 50% maior do que o correspondente à Alemanha, quase o dobro da França e quatro vezes o da Espanha.

As estimativas do WWF estão baseadas em níveis de exportações ilegais dos países de ondevem a madeira, as quais podem ser de 80% em países como Indonésia, onde a corrupção tem se espalhado. A Indonésia contribui para o maior valor agregado das importações de madeira da União Européia – cerca de 5%.

A União Européia também importa pesadamente madeira de cinco outros Estados ou regiões onde há graves preocupações acerca da sustentabilidade: a bacia do Amazonas, a Rússia, os Estados Bálticos, a bacia do Congo e o leste da África. A madeira chega de muitas formas ao Reino Unido, às vezes em forma bruta, ou compensada, ou ainda sob a forma de produtos acabados, como mobília de jardim. Contudo, não é ilegal na Grã-Bretanha importar madeira extraída ilegalmente.

Ao invés disto, a União Européia – sob a presidência da Grã-Bretanha – está para ratificar um acordo voluntário que visa a diminuir o nível de corte ilegal de madeira, o Ato de Lei Florestal, Governança e Comércio, que visa a instalar novas salvaguardas para países exportadores. O plano de ação não inclui terceiros países – como China, que processa vastas quantidades de madeira ilegal da Malásia, Indonésia e Nova guiné – e também exclui mobília, celulose e papel.

Grupos ambientais acreditam que a Grã-Bretanha deveria combater mais intensamente o corte ilegal. Andrew Lee, diretor de campanhas do WWF, afirma: –O Reino Unido tornou pobre a plataforma central em sua presidência na União Européia, por seu consumo de madeira ilegal que é roubada de países como Camarões, com valor inestimável–. –O corte ilegal em larga escala sempre prova comunidades locais que permanecem na floresta para sobreviver, enquanto grandes companhias internacionais aferem os lucros–, assinala.

No Reino Unido, os consumidores podem ter certeza de que sua mobília, seu piso, seus brinquedos e outros bens são produto de compra legal de madeira quando levam o selo do Forest Stewardship Council. O FSC supervisiona grupos de auditores que verificam que as árvoes retiradas de florestas são replantadas. A maioria das florestas certificadas estão na América do Norte e na Europa. (Fonte: The Independent, 22/11)

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