Blair deve expandir geração de energia nuclear, diz conselheiro
2005-11-22
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, deveria autorizar o aumento da geração de energia nuclear para ajudar a conter as mudanças climáticas, disse neste domingo (20/11) o principal conselheiro do premiê para temas científicos.
O conselheiro David King também rejeitou as suposições de que Blair estivesse abandonando a idéia de metas para a emissão dos gases do efeito estufa, que será discutida na semana que vêm durante conferência das Nações Unidas em Montreal, no Canadá.
Blair tem sinalizado uma disposição em analisar a possibilidade de autorizar novos reatores nucleares para cortar emissões de dióxido de carbono, mas ele enfrenta a oposição de ambientalistas e de parte do seu partido, o Trabalhista.
–Temos que tomar uma decisão muito rapidamente, e eu acho que o importante aqui é dar a luz verde às prestadoras de serviços para dar-lhe a energia nuclear como uma opção–, afirmou King.
Todas as usinas nucleares do Reino Unido, exceto uma, estão previstas para fechar em 2023. O governo está prestes a publicar novos planos sobre como reduzir uso de eletricidade e combustível em 2006.
Apesar da defesa de King, a ministra do Meio Ambiente, Margaret Beckett, disse que energia nuclear tem o problema dos custos e da alocação de seus resíduos, embora rejeite insinuações de que ela seja antinuclear. — Eu sempre aceitei, particularmente por causa da mudança climática, que poderíamos chegar a um momento em que nós e outros governos sejamos levados de volta à energia nuclear. Não podemos bancar o fechamendo da porta para a energia nuclear–, disse ela.
O declínio de energia nuclear coloca em risco os esforços para cortar os gases do efeito estufa, afirmou King. A energia nuclear vai contribuir com 4% da energia que o Reino Unido vai precisar em 2010, sem novos reatores, acrescentou ele. Hoje, segundo King, esse percentual é 21%. Beckett disse que nenhuma medida pró-energia nuclear ajudaria o país a cumprir a sua meta doméstica de emissão de gases, apesar do país estar em dia com as suas obrigações internacionais sob o protocolo de Kyoto.
Projeções mostram que a Inglaterra vai deixar de cumprir sua meta de redução de gás carbônico em 20% até 2010 em relação aos níveis de 1990. Blair colocou as mudanças climáticas como tema central da presidência britânica do G8 (os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia), mas ele tem sido acusado por ambientalistas de voltar atrás na questão sobre emissão de gases, depois de ter recentemente defendido mecanismos –mais sensíveis– sobre o assunto.
A reunião das Nações Unidas em Monteral, de 28 de novembro a 9 de dezembro, vai discutir maneiras de ampliação futura do protocolo de Kyoto para países não participantes, incluindo Estados Unidos, China e Índia.
King afirmou que Blair acredita que os países desenvolvidos devem seguir as metas de Kyoto, mas disse que o Reino Unido vai pressionar para que os países em desenvolvimento adotem metas voluntárias.
–Índia, China, Brasil, África do Sul e México, o que estamos dizendo para esses países é venham e juntem-se às discussões, não vamos dizer antecipadamente que vocês terão de enfrentar as metas–, declarou. (Fonte: Reuters, 20/11)