A depredação característica do litoral do Rio de Janeiro ainda não chegou no Parque Nacional da Restinga de Jurubati. A dificuldade de acesso e o mar bravio desestimulam a invasão do turismo, e a economia local concentrada na lavoura canavieira, por sua vez, levou o crescimento urbano mais para o interior. Por isso, este espaço do litoral brasileiro se conservou quase intacto, guardando espécies de flora e fauna já extintas em muitos lugares - algumas delas hoje únicas no planeta. Sem contar que Jurubatiba revela uma diversidade de ecossistemas rara em qualquer outra restinga do país. Entre as praias e a restinga ficam dezenas de lagoas costeiras, como a da Graça, a do Paulista e a Preta, de águas escuras, cristalinas e cobertas de espumas de sal. Próxima a elas, numa faixa de solo arenoso, cresce a vegetação típica da restinga: arbustos, variedades de cactos e bromélias. Mais para dentro surgem os chamados tabuleiros, antigos braços de rio cujo solo argiloso e úmido facilita o desenvolvimento de matas. (Terra/77, setembro)