Avanço agrícola provoca a ira dos ambientalistas
2005-11-21
O governador e produtor de soja Blairo Maggi ganhou um prêmio do Greenpeace em junho deste ano: a motosserra de ouro, outorgada anualmente a quem, na opinião da organização ambientalista, tenha contribuído mais para a destruição do meio ambiente. A imprensa internacional também costuma pegar pesado com Maggi: ele já foi chamado de estuprador da floresta por jornais ingleses e tido como o principal responsável pela devastação da Amazônia pela revista The Economist.
Segundo o Greenpeace, metade das árvores que a floresta amazônica perdeu entre 2003 e 2004 foram arrancadas em solo mato-grossense. Grande parte do desastre ambiental foi provocado por uma quadrilha infiltrada no Ibama de Cuiabá. Em junho, a Polícia Federal desmontou o esquema que praticamente liberava a extração e o transporte de madeira no Estado. Enquanto teve liberdade para atuar, a quadrilha faturou R$ 890 milhões com o desmatamento de uma área de 43 mil hectares, equivalente a 52 mil campos de futebol. Mais de 600 madeireiras participavam do esquema, segundo a PF. Cerca de 100 pessoas foram presas durante a chamada operação Curupira. Após o escândalo, os governos federal e estadual passaram a discutir um novo modelo de fiscalização, que entrará em funcionamento em janeiro de 2006. O comando da operação ficará, desta vez, com um órgão criado pelo Estado.
O governo estadual considera a situação sob controle. Segundo cálculos da secretaria de Desenvolvimento Rural, apenas 2% da área agricultável da Amazônia está ocupada atualmente. Do total do território mato-grossense, 32% estão ocupados com lavoura e pasto. O cerrado, o pantanal e a floresta amazônica, que cobre apenas o norte do Estado, ocupam juntos 49% do território do Mato Grosso (o restante está dividido em áreas de proteção e terras indígenas). Outro argumento dos produtores: a alta produtividade da agricultura hoje permite que muito mais grãos sejam produzidos em menos áreas.
— Se a produtividade de 1985 fosse mantida, precisaríamos do dobro da área ocupada hoje para colher a mesma produção - diz Cloves Vetoratto, secretário do Desenvolvimento Rural do Estado. (O Estado de S. Paulo, 20/11)