Carta agroecológica pede a valorização do saber local
2005-11-21
O VI Seminário Internacional sobre Agroecologia e VII Seminário Estadual
sobre Agroecologia encerraram na sexta-feira (18/11) com a aprovação, pelos
participantes, da Carta Agroecológica de Porto Alegre 2005. No documento,
eles defendem a incorporação pelas instituições públicas de programas e
ações que valorizem os saberes locais e o reconhecimento do direito à
alimentação adequada como pressuposto para o desenvolvimento sustentável.
Na Carta, os participantes manifestam a necessidade de que sejam realizados
esforços para estimular e apoiar tecnologias socialmente apropriadas,
voltadas para a realidade sócioambiental dos distintos biomas e
agroecossistemas, visando a expansão e a consolidação dos processos de
transição agroecológica. Pedem, ainda, o fortalecimento de políticas
públicas federais que valorizem o consumo de alimentos produzidos de forma
ecológica, por meio de programas alimentares, promovendo parcerias entre
agricultores, agentes de distribuição e órgãos públicos estaduais e
municipais.
Os 890 participantes reunidos em Porto Alegre, nos dias 16, 17 e 18,
refletiram sobre o tema Desenvolvimento Local: Valorizando Saberes e
Reconhecendo Direitos , a partir dos eixos temáticos Alimentação
Adequada como Direito Planetário, Tecnologias Sociais e Manejo de
Agroecossistemas Sustentáveis e Comunicação como Ferramenta do
Empoderamento. Os eventos contaram com 16 palestras, apresentadas por
representantes de vários países.
O evento sobre Agroecologia é uma realização conjunta da Emater/RS-Ascar,
Embrapa Clima Temperado, Assembléia Legislativa, Ministério do
Desenvolvimento Agrário e do Governo do Estado do RS, sendo promovido por
várias entidades e instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão Rural. Conta
ainda com o apoio de diversas organizações da esfera governamental e não
governamental, entre as quais destaca-se a Associação Brasileira de
Agroecologia (ABA-Agroecologia).
Para o coordenador do evento, Dulphe Pinheiro Machado Neto, o resultado
mais importante foi a participação de todos os setores, que discutiram os
variados temas abordados. Ele salienta que as experiências locais
apresentadas contribuíram para a reflexão do desenvolvimento sustentável
das comunidades.
IV Congresso Brasileiro de Agroecologia
Para encerrar os eventos, a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA)
anunciou a próxima sede do IV Congresso Brasileiro de Agroecologia. Em 2006
o evento será em Belo Horizonte, com data a ser definida. A única
exigência é de que o Congresso atenda aos princípios básicos da
agroecologia.
CARTA AGROECOLÓGICA DE PORTO ALEGRE 2005
Os 890 participantes do VI Seminário Internacional sobre Agroecologia e
VIII Seminário Internacional sobre Agroecologia reunidos em Porto Alegre
nos da 16, 17 e 18 de novembro de 2005, para refletir sobre o tema
Desenvolvimento Local: Valorizando Saberes e Reconhecendo Direitos , a
partir dos eixos temáticos Alimentação Adequada como Direito Planetário,
Tecnologias Sociais e Manejo de Agroecossistemas Sustentáveis e Comunicação
como ferramenta do empoderamento, recomendam:
- Que as instituições públicas e privadas de ensino, pesquisa e extensão
incorporem em seus programas e ações a valorização dos saberes locais e o
reconhecimento do direito à alimentação adequada como pressupostos para o
desenvolvimento sustentável;
- Que sejam realizados esforços para estimular e apoiar tecnologias
socialmente apropriadas, voltadas para a realidade sócio-ambiental dos
distintos biomas e agroecossistemas visando a expansão e a consolidação dos
processos de transição agroecológica;
- Fortalecer políticas públicas federais que valorizem o consumo de
alimentos produzidos de forma ecológica, por meio de programas alimentares
como o incentivo à merenda escolar orgânica, fome zero e outros,
promovendo parcerias entre agricultores, agentes de distribuição e órgãos
públicos estaduais e municipais;
- Que os meios de comunicação dediquem mais espaço e valorizem a divulgação
da problemática sócio-ambiental gerada pelo atual modelo hegemônico de
desenvolvimento, contribuindo assim para a construção de estilos de
agricultura e de desenvolvimento que contemplem as múltiplas dimensões da
sustentabilidade (ambiental, social, econômica, política, ética e
espiritual);
- Que os órgãos competentes adotem as medidas legais e punitivas cabíveis
no sentido de impedir o contrabando, a disseminação e o cultivo de milho
transgênico no Rio Grande do Sul e no Brasil;
- Considerando a importância do bioma pampa, que sejam tomadas medidas que
inibam a implantação de mega-projetos de monoculturas florestais no Rio
Grande do Sul; (Emater, 18/11)