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2005-11-21
O Brasil é o único país no mundo batizado com nome ecológico. Possui 6% da água potável do planeta e produz produtos agrícolas indispensáveis à alimentação. Fora um ou dois tremores de terra no Nordeste, não é afetado por fenômenos naturais graves como terremotos, desertos ou vulcões. Mesmo assim, o país não é o paraíso que poderia ser. Essas são palavras do ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, frei Betto, que procurou explicar esse paradoxo no VII Seminário Estadual e VI Internacional sobre Agroecologia, encerrado na sexta-feira (18/11), em Porto Alegre.

Por meio de reflexões filosóficas e políticas, o ex-assessor apresentou o painel Ética, ecologia e cidadania , o último do evento. De acordo com ele, há quatro grandes fatores de morte no mundo: guerras e terrorismo, acidentes de trânsito, doenças e fome. Os indivíduos que não são afetados pelo último fator apenas se previnem contra os demais. – Somos indiferentes ao alheio. Não temos noção de dívida nem de responsabilidade social. A fome é o que mais mata e sobre a que menos se faz. É o único que faz distinção de classe, mata só os miseráveis-, lamenta.

Ética, ecologia e cidadania: relação com a política
A questão da ética, da ecologia e da cidadania, segundo o frei, passa, necessariamente, por aspectos políticos. – Não existe falta de alimentos no mundo nem excesso de bocas, o que falta é justiça-, afirma.

Os números indicam que a quantidade de alimentos produzidos no mundo seria suficiente para alimentar 11 bilhões de pessoas, sendo que o planeta possui 6,4 bilhões de habitantes. No caso do Brasil, é o primeiro produtor mundial de carne e o segundo de soja. – Isso mostra as injustiças sociais. Produzimos alimentos, mas o povo não tem o que comer. Ainda pensamos que exportar é a solução, mas boa parte desse dinheiro fica no exterior e na mão de poucas empresas-, salienta o painelista.

Outro ponto apontado pelo frei como uma injustiça social são os subsídios agrícolas. Cada país rico aplica, diariamente, 1 bilhão de dólares em seu território, enquanto a cooperação aos países pobres chega ao mesmo 1 bilhão de dólares, só que ao ano. Ele destacou, ainda, o financiamento vinculado, em que esses países aplicam certa quantia nos territórios subdesenvolvidos, mas, em troca, obrigam a comprar seus produtos.

Para o frei, uma das soluções para resolver o problema da fome no Brasil seria o não pagamento do total da dívida externa, a fim de melhorar a qualidade de vida da população. – Sou contra o calote , porém nos casos de miséria não parece haver saída. Mas, para acontecer isso, o governo precisaria de uma vacina Fidel Castro com [Hugo] Chávez-, ironiza.

Falsa ilusão de democracia
Frei Beto reiterou que o quadro nacional e mundial é preocupante, e que o grande problema não é a relação entre número de pessoas na Terra e os recursos naturais, e sim a apropriação desses pelas elites, que não permitem que o resto possa usufruir. – Temos a ilusão de que vivemos em uma democracia, mas esse é um embuste imposto pelo sistema capitalista. Nossos direitos não são reais, são apenas virtuais.

A sociedade civil, da mesma forma como as ONGs, os sindicatos, e os movimentos, têm, na visão do frei, dificuldades em unir esforços. – Não sabemos unir as bandeiras, não somos solidários. Só sabemos assistir aos outros pela televisão-, lastima. Lembrou também que o povo deveria cobrar mais, pedir as contas aos governantes, mas o estágio de todos hoje é o de acomodação.

– Falar de ética é falar de valores, falar de ecologia é de como se aplica esses valores na proteção do meio ambiente. Falar em cidadania é falar de como nos comportamos e lidamos com esses valores. A sociedade atual, infelizmente, passa por uma crise de valores, e o planeta está mercantilizado em todos os seus aspectos. Inclusive o meio ambiente-, conclui frei Beto.
Por Patrícia Benvenuti

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