O corte ilegal de árvores, a abertura de áreas agrícolas e a expansão urbana têm provocado a redução da vegetação nativa do Rio Grande do Sul e prejuízos à fauna e à flora. Do total de 112.027 quilômetros quadrados (39,7% do território estadual), sobram apenas 7,5 mil quilômetros quadrados de remanescentes da Mata Atlântica, o equivalente a 2,69% do território, segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema). A situação preocupa o governo e entidades.

Entre as reclamações assinaladas por ambientalistas está a falta de estrutura para a fiscalização, feita pelo Batalhão Ambiental da Brigada Militar, pelo Estado e pelo Ibama.

O processo de urbanização do litoral brasileiro é apontado como um dos motivos que levaram à devastação das florestas, ao lado de desmatamento das encostas dos morros, corte de madeira, agricultura, produção de carvão vegetal e ocupação imobiliária desordenada. – O desmatamento no Estado não cresceu nos últimos anos, mas continua, principalmente na região onde há araucárias-, afirma a integrante do Núcleo Amigos da Terra Brasil, Kathia Vasconcellos Monteiro.

O fato de haver menos do que 3% da mata nativa faz com que qualquer corte tenha grandes proporções, segundo Kathia. Ela salienta que no RS é comum os prejuízos ambientais causados pela ampliação da área urbana, em locais como Gramado e Canela. Uma das formas de fiscalização é interceptar o transporte de madeiras, o que fica dificultado quando são utilizadas nas propriedades.

A presidente da Fundação Gaia, Lara Lutzenberger, avalia que a situação da vegetação piorou nos últimos cinco anos em função do avanço agressivo dos monocultivos, em especial das plantações de soja, e da construção de hidrelétricas. – Temos uma das melhores legislações do mundo, mas não é cumprida. Corremos o risco de transformar nossa vegetação em florestas plantadas.-

Estimativas apontam que restam somente 50 mil quilômetros quadrados de florestas nativas intocadas espalhados pelo território brasileiro. O Brasil é o país de maior biodiversidade e reúne pelo menos 70% das espécies vegetais e de animais do planeta. Atualmente, restam cerca de 7,3% de sua cobertura florestal original, que chegou a ser identificada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo. (20/11)