Produtos orgânicos do ES terão certificação do governo federal
2005-11-18
Os quarenta produtores orgânicos capixabas que participam da BioFach América Latina, no Rio de Janeiro, até esta sexta-feira (18), já podem comemorar. Foi divulgado na feira, que produtos agrícolas cultivados sem agrotóxico, carnes de animais tratados com alimentos orgânicos, entre outros, receberão no início de 2006 um selo do governo federal, garantindo sua origem e qualificação.
O anúncio foi feito pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, durante a abertura do evento. Mas ainda não há regulamentação sobre os padrões para a certificação.
Com o selo, os capixabas já podem se programar para competir no mercado internacional. Atualmente os produtos já recebem certificação, só que de institutos privados. O selo faz parte da regulamentação da Lei 10.831, que trata da agricultura orgânica e foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2003.
Os capixabas já haviam se preparando para entrar no mercado internacional, ao firmar um convênio entre a certificadora capixaba Chão Vivo e a certificadora alemâ BCS Öko-Garantie, na própria feira.
Do grupo capixaba que está no Rio de Janeiro, 11 fazem exposição de hortaliças e frutas. Os produtores também expõe café arábica e conilon natural e industrializado. Entre as novidades levadas para a feira pelos capixabas está o genbibre, produzido em Santa Maria de Jetibá, e o mamão, de Jaguaré.
A BioFach América Latina é o principal evento do setor orgânico na América Latina e é realizada no Pavilhão 5 do Riocentro.
Além de servir para troca de experiências sobre temas como processamento de orgânicos e embalagens de produtos, a BioFach América Latina permitirá a abertura de novos mercados para os produtores capixabas.
Há produção orgânica, ou grupos de agricultores em conversão para a agricultura natural, em 53 dos 78 municípios capixabas. Os maiores interessados na agricultura orgânica são os próprios produtores. Eles são as principais vítimas dos agrotóxicos, que intoxicam 500 mil brasileiros por ano. No Brasil, 10 mil trabalhadores morrem anualmente contaminados pelos venenos agrícolas.
Estes mataram 1100 pessoas no Espírito Santo somente em 2004, e nos seis primeiros anos de 2005 mais 400 pessoas foram mortas. Os cálculos foram feitos a partir dos dados obtidos pelo Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen), órgão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
O Espírito Santo produz cerca de 340 toneladas de alimentos orgânicos por mês, entre verduras, legumes e frutas. A produção anual de café orgânico é de 3 mil sacas, de 60 quilos. A demanda pelos produtos orgânicos é crescente, pois os consumidores também buscam fugir dos efeitos dos venenos agrícolas. Os alimentos de produção convencional têm resíduos de agrotóxicos, muitos deles cancerígenos. (Século Diário, 17/11)