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2005-11-18
A grande seca que atinge a Floresta Amazônica nos últimos meses transformou algumas de suas regiões em cenários de um filme apocalíptico de ficção científica. O que antes era mata exuberante, mais parece um deserto com o solo todo rachado; sobre o que antes eram lagos enormes trafegam caminhonetes; peixes mortos tingem de cinza a superfície dos rios.

Carlos Rittl, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil, nos últimos meses visitou as áreas atingidas e conta que o que viu de mais impressionante foi o Lago do Rei. Próximo a Manaus (AM) e com uma área de superfície de aproximadamente 12 mil hectares (um hectare é igual a um campo de futebol), o lago estava reduzido a pequenas lagoas e poças que, somadas, não davam mil hectares.

— O que sobrou foram milhares de peixes mortos. Os ribeirinhos passam com suas canoas em canais estreitos, remando no meio de milhares de peixes mortos e outros em agonia. E um cheiro de podridão muito forte - descreve.

Apesar disso, acrescenta Rittl, as famílias que vivem ali tinham que conviver com a insalubridade e a desolação.

— É assustador, o quadro geral era muito preocupante, porque a impressão que dá é que a água sumiu - acrescenta.

PARA OS POBRES, PIOR
Estimativas apontam para mais de 250 mil pessoas atingidas pela estiagem. Com a baixa quantidade de água, diminui também a disponibilidade de oxigênio para os peixes, que morrem aos milhares. Assim, as comunidades perdem sua principal fonte de proteína. Segundo Rittl, a água que sobra é suja, não só pela mortandade dos peixes, como também pelos dejetos de esgotos lançados ao rio.

— Ela chegou a provocar a morte de algumas crianças. Além da contaminação, falta de acesso a cuidados médicos - relata o ativista.

Outro problema é o isolamento provocado pelas dificuldades de deslocamento. As estradas da Amazônia são seus rios e lagos e muitas famílias, com a roça muitas vezes a uma hora de canoa de suas casas, pouco podem trabalhar. Isso teve um reflexo negativo sobre a economia local.

De acordo com Rittl, muitas comunidades dependem de barcos regionais que transportam produtos e bens de consumo em geral, tais como alimentos e produtos de limpeza. Sem água e sem barcos, porém, a produção local não conseguia ser escoada, e os bens que chegavam aos seus destinos custavam muito caro.

— A população está assustada. Estão todos desolados, pois não vêm muita esperança de mudança até a subida das águas. Vêm toda aquela quantidade de peixes mortos que não podem consumir, pensando em como suprir as necessidades da família, no que dar de comer para os filhos no dia seguinte - informa o coordenador do Greenpeace.

CAUSAS
Ele acrescenta que, não podendo escoar sua pequena produção, os ribeirinhos não têm nem como ir ao mercado.

— Era um quadro de desolação e sem horizonte. Uma tristeza no olhar de pessoas que estão sem perspectiva de quando isso vai mudar - lamenta Rittl. É predominante no meio científico a tese de que a causa desta estiagem é o aquecimento anômalo da superfície do mar no Atlântico Norte. O mesmo fator que gerou furacões em grande quantidade e intensidade no Caribe e na América do Norte nos últimos meses. No entanto, pesquisadores brasileiros acreditam que o desmatamento tem agravado este quadro.

— Ceca de 50% da chuva que é produzida na região depende da existência da floresta. Primeiro, pela água que cai sobre as árvores e, antes de chegar ao solo, evapora graças à alta temperatura da região. E também pelo processo de transpiração da vegetação. Provavelmente a seca ocorreria em função do aquecimento das águas do Atlântico mas o desmatamento local a potencializa em muitas regiões - conclui Carlos Rittl. (Brasil de Fato, Edição Nº 142 - De 17 a 23 de novembro de 2005)

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