Mudança climática altera cores de frutas no Japão
2005-11-18
No que parece ser uma aberração do aquecimento global, frutas anormais - inclusive uvas que não ficam vermelhas nem pêssegos com sua coloração natural - estão se tornando ocorrências normais por todo o Japão, o que força os produtores a buscarem medidas de contra-ataque a tais problemas.
— Se a cor não é boa, os preços caem a menos da metade –, diz o pesquisador Takayoshi Yamane, do Instituto de Pesquisas Livres em Frutas do Centro de Agricultura Tecnológica da Cidade de Hiroshima. Geralmente grandes e vermelhas, as uvas de qualidade Aki Queen (conhecida como Dedo de Dama) crescem na costa de áreas de Hiroshima Prefecture ao longo da área marítima, mas vêm permanecendo verdes mesmo com a colheita do mês de agosto. Elas já deveriam ter mudado de cor.
Os produtores agora estão cobrindo os vinhedos de modo a forçar a sua maturação, concentrando os nutrientes da fruta. A cor, no entanto, é um fator importante que determina os preços da fruta.
Segundo Yamane, tal dano tem sido reportado principalmente na área sul do país, mas poderá se espalhar para o norte no futuro.
— O sentido da crise sobre o aquecimento global vai aumentar–, afirma.
Na cidade de Kumamoto, pêssegos com bela aparência floresceram nos últimos 15 anos. São suscetíveis a se tornar marrons por causa das altas temperaturas, fenômeno conhecido como síndrome de Mitsu, atribuído ao aquecimento global. A parte da carne do pêssego amadurece mais cedo do que ocorre a mudança da cor. Os produtores então removem a cobertura dos cultivares mais cedo, estimulando a mudança da cor. — Estamos agora controlando uma epidemia da síndrome de Mitsu com o uso desse método, mas ficaremos felizes se forem desenvolvidas espécies imunes a esta síndrome–, afirma um funcionário municipal.
Em anos recentes, algumas laranjas vêm caindo dos galhos ainda verdes. As elevadas temperaturas são apontadas como causa, mas não foi encontrada nenhuma medida de contrapartida. O aquecimento global também pode forçar os produtores a mudar as áreas de cultivo.
Pesquisadores de plantas frutíferas do Instituto Nacional de Agricultura e Pesquisa Bio-orientada, em Tsukuba, no município de Ibaraki, informam que a média anual de temperatura para um crescimento favorável de maçãs é de 6ºC a 14ºC, mas pode chegar à máxima em planícies centrais da região de Tohoku em 2060, atingindo níveis não favoráveis ao crescimento de maçãs.
Em Hokkaido, onde as baixas temperaturas não têm sido adequadas ao crescimento de maçãs, espera-se que o clima fique mais quente. Segundo um estudo realizado pelo instituto de pesquisa local no ano passado, o aquecimento global tem influenciado o crescimento de frutas em todos os 47 municípios. A elevação das temperaturas poderá prejudicar o crescimento em algumas áreas.
— Recém começamos a equacionar o problema –, disse o pesquisador Toshikazu Asakura. — Nossa meta é desenvolver espécies capazes de crescer mesmo com o avanço do aquecimento global. (Com informações do The Japan Times, 15/11)