Pesquisa da USP ajuda a calcular seqüestro de CO2 pelas plantas
2005-11-17
Uma pesquisa recentemente concluída, realizada na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), vai ajudar a calcular a quantidade de dióxido de carbono (CO2), também conhecido como gás carbônico, que uma determinada planta retira da atmosfera no seu processo de fotossíntese. O estudo, realizado pela pesquisadora Madeleine Barriga Puente de la Vega, do Laboratório de Automação Agrícola (LAA), será importante em pesquisas sobre o aquecimento global uma vez que o CO2 contribui para o efeito estufa.
Durante um ano Madeleine de la Vega coletou dados de oito pés de jatobá (Hymenaea courbaril L.), ainda pequenos, e conseguiu determinar quanto cada centímetro quadrado de uma folha dessa planta absorve de gás carbônico por segundo.
Não foi um trabalho fácil. Durante o período que durou a coleta de dados, realizada numa casa de vegetação (estufa), Madeleine media seis variáveis (temperatura ambiente, concentração de CO2, umidade relativa, temperatura da folha, hora da medição e radiação fotossintética e ativa), duas vezes por semana. Num dia ela coletava os dados de quatro plantas e no outro, das outras quatro. — Agora, conhecendo os valores dessas variáveis, é possível calcular quanto de fotossíntese a planta está realizando, isto é, quanto de gás carbônico cada folha está seqüestrando num dado momento-, explica.
Madeleine, que foi orientada pelo coordenador do LAA, o engenheiro eletricista e agrônomo Antonio Mauro Saraiva, explica que o seu trabalho visou a modelagem de fotossíntese, no nível da folha do jatobá, utilizando a técnica de redes neurais artificiais como um passo inicial para a quantificação do potencial de seqüestro de CO2 em plantas. — Redes neurais artificiais são ferramentas computacionais, que imitam o processo de aprendizado do cérebro humano e podem processar problemas que envolvem dados complexos e não lineares-, explica a pesquisadora. —Assim, elas são adequadas para a modelagem de dados ecológicos, que são muito complexos e freqüentemente não lineares, como é o caso do processo da fotossíntese.
A nova forma de mensurar o seqüestro de carbono, ainda no nível da folha, vem se juntar a outros métodos que procuram calcular quanto de CO2 uma floresta retira da atmosfera. Até hoje não se sabe ao certo se a Floresta Amazônica, por exemplo, é um sorvedouro de gás carbônico ou se o que ela emite durante a noite empata com o que ela consome durante o dia. — O trabalho de Madeleine é mais uma contribuição para entender e quantificar esse processo-, diz Antonio Mauro Saraiva. — Agora é preciso extrapolar esses resultados para uma planta adulta e depois para uma floresta. Isso não será fácil e há muito trabalho pela frente. (Com informações da USP)