Ministra afirma ter parecer contra usinas no Pantanal
2005-11-17
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) disse ontem em Campo Grande que estava preparando e enviaria provavelmente hoje à Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul parecer contrário à instalação de usinas de álcool no Pantanal, mas que o documento não chegou a tempo de evitar a morte do ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, 65. Franselmo, como era conhecido o ambientalista, morreu no domingo, cerca de 22 horas após atear fogo ao próprio corpo durante protesto em Campo Grande (MS) contra o projeto de instalação de usinas na bacia do Alto Paraguai, onde fica o Pantanal.
O projeto foi enviado à Assembléia em agosto passado pelo governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, do mesmo partido da ministra.
Na avaliação do governo do Estado, o projeto não afetará o Pantanal, situado na planície, pois permitirá a instalação de usinas de álcool apenas na região de planalto, em locais distantes no mínimo um quilômetro dos rios e com segurança contra acidentes.
A ministra não foi recebida por Zeca do PT, que ontem descansava justamente no Pantanal.
Segundo a ministra, há 15 ou 20 dias o ministério fazia um estudo sobre a proposta a pedido da própria Assembléia.
— O meu chefe-de-gabinete me disse que eu assinaria [ontem o documento] e seria encaminhado provavelmente na quarta-feira [hoje, 15] - com parecer contrário, disse ela.
Como a ministra informou que o documento estava pronto, a reportagem pediu cópia. A assessoria informou que Marina ainda fazia anotações no parecer.
Marina visitou Iracema, 67, viúva de Franselmo, que chorou e justificou o ato do marido: — Vamos respeitar a decisão dele. (Folha de S.Paulo, 16/11)