Epidemia de gripe aviária pode custar até US$ 200 bi a seguradoras
2005-11-17
O medo de uma epidemia mundial de gripe aviária chegou ao setor de seguros, que, em sua previsão mais pessimista, estima que poderia gerar perdas de até US$ 200 bilhões. Os especialistas consideram que é apenas uma questão de tempo --meses ou anos-- para que o atual vírus da gripe aviária sofra uma mutação e seja transmitido entre os humanos, o que pode provocar a explosão de uma pandemia mundial.
As conseqüências econômicas desta hipótese são difíceis de ser calculadas, pois dependem fundamentalmente da capacidade que as autoridades terão para conter a epidemia-- como aconteceu com a Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) em 2003, que deixou 775 mortos na Ásia.
Segundo um relatório publicado ontem (16/11) pela agência de análise de risco Standard & Poor s, as perdas podem ser de US$ 71,3 a US$ 200 bilhões apenas para as empresas seguradoras. –Temos que vigiar de perto a evolução dos eventos. No entanto, por enquanto, não vamos modificar as classificações de risco com as empresas afetadas–, afirmou o economista-chefe da agência, David Wyss.
O Centro para a Prevenção e o Controle das Doenças, com sede nos Estados Unidos, calcula que, caso haja um surto da epidemia em humanos, de 43 a 100 milhões de pessoas podem ser afetadas no mundo todo.
O surto provocaria a hospitalização de 314 a 734 mil pessoas, e a morte de 89 a 207 mil doentes. Mas outras hipóteses mais catastróficas apontam que 150 milhões de pessoas podem ser infectadas no mundo todo, segundo o coordenador da ONU contra a gripe aviária, David Nabarro.
Caso isso aconteça, as empresas seguradoras mundiais sofrerão fortes perdas em todos os setores, exceto nos de automóveis e de casas, afetando as companhias de seguros de vida, de saúde e de comércios e de resseguros.
As empresas mais afetadas devem ser as que tiverem uma capitalização menor, as que trabalharem com seguros para comércios e as que concentrarem seu negócio nas grandes cidades, onde acredita-se que o vírus se propagará com maior agressividade.
Segundo o relatório, cidades como Nova Iorque, Tóquio, Paris e Londres aparecem como as mais prováveis para sofrerem com a epidemia caso o vírus passe por uma mutação e seja transmitido entre humanos-- o que parece provável. A pandemia, segundo a Standard & Poor s, pode durar vários meses, e as empresas seguradoras, especialmente as que concentram seu negócio nas cidades, podem ser afetadas por uma enxurrada de danos e perdas.
Assim, pode ser decretado o fechamento de cinemas, teatros, comércios e grandes superfícies, e seriam cancelados todos os eventos esportivos e espetáculos, com a suspensão inclusive dos serviços de transporte público.
Além disso, haveria efeitos psicológicos sobre a população, que pode parar de viajar, fazer turismo ou até de trabalhar durante a pandemia.
O transporte de mercadorias e bens perecíveis também pode sofrer perdas, assim como as companhias aéreas e turísticas, o que pode ter um efeito negativo para os mercados de valores.
Uma análise detalhada no setor de seguros revela que, algumas das mais afetadas seriam as empresas de seguros de vida, e especialmente as que trabalham com pessoas mais ricas, que vivem em grandes regiões urbanas e viajam com freqüência, o que as coloca no segmento de alto risco.
As empresas de seguro de saúde também correm risco por causa dos altos custos hospitalares e da exposição a processos por mau trabalho e negligência no caso de os hospitais ficarem lotados ou incapazes de estabelecer uma quarentena, explicou o relatório.
As outras empresas também podem ficar expostas a processos caso alguns funcionários se contagiem no posto de trabalho.
Também seriam prejudicadas as companhias que oferecem coberturas aos comércios em caso de interrupção ou fechamento de seus negócios--o que pode ocorrer no setor turístico. (EFE, 16/11)