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2005-11-16
Uma pesquisa realizada por Gilberto Schwertner Filho, 31, do Laboratório de Fisiologia Comportamental (LFC) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), demonstrou que o uso do peixe elétrico, popularmente conhecido como ituí ou sarapó (pertencente à família Apteronotidae, ordem Gymnotiformes), pode ser utilizado como um sistema de alerta ambiental (biomonitoramento) para compostos derivados do petróleo. O sistema baseia-se na utilização da descarga elétrica produzida pelo peixe para saber se a água está contaminada ou não. O resultado do trabalho foi publicado em forma de dissertação de mestrado Apteronotidae (Pisces: Gymnotiformes) como modelo de biomonitor para compostos BTX.

Schwertner explicou que o objetivo do projeto foi o de elaborar padrões para monitoramento dos contaminantes BTX, substância composta por benzeno, tolueno e xilenos, derivados de petróleo.

— Os BTX são os compostos mais hidrossolúveis do petróleo, ou seja, são os compostos do petróleo que têm maior capacidade de dispersão na água. Um dos seus componentes, o benzeno, é altamente prejudicial à saúde, pois pode causar câncer - destacou. Ele disse que, durante um vazamento de petróleo na água, os compostos BTX são os primeiro indício de contaminação dos rios. Segundo a resolução nº 20/1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os padrões máximos aceitáveis pelo organismo humano são de 1 mg por litro na água, para benzeno, enquanto que, para o tolueno e para os xilenos, ainda não existe normatização para o Brasil. Por isto foram adotados os padrões para água potável da EPA, sigla em inglês para Agência de Proteção Ambiental Americana. A EPA estabelece o máximo aceitável de 10 mg por litro na água, para o BTX.

Definidos os padrões adotados, a intenção era saber se o peixe elétrico conseguiria sentir a presença do BTX na água, em níveis aceitáveis pelo organismo humano.

— Foi comprovado que é possível detectar a presença de BTX na água, por meio das variações das descargas dos órgãos elétricos do peixe - afirmou. Ele disse que a descarga elétrica do peixe varia conforme as condições do ambiente, ou seja, temperatura, substâncias presentes na água etc. O pesquisador explicou que quando a água não está contaminada, este peixe elétrico libera descargas elétricas constantes, com a mínima variação.

— Isso acontece porque peixes da família Apteronotidae são os osciladores biológicos mais estáveis que se conhece. Quando o ambiente é alterado pelo BTX, as freqüências das descargas elétricas são alteradas - ressaltou.

Metodologia - Schwertner disse que o valor médio de freqüência das descargas de Apteronotus hasemani é de 750 hertz, com tensão da ordem de mili Volts, mil vezes menos que a tensão de uma pilha alcalina. Essa baixa voltagem não pode ser sentida como choque pelo homem. Então, para captar a descarga foram necessários eletrodos de carbonos, colocados em um aquário, o uso de amplificadores, conversores analógico/digitais e monitoramento por meio de computadores.

— Isso é o interessante, porque é possível verificar a contaminação da água por meio de sistema computacional. O peixe avisa antes que a gasolina ou o petróleo cheguem ao ambiente em altas concentrações, porque ao serem atingidas as condições legais estabelecidas pelo Conama, o modelo computacional emite o alerta, em função da modificação nos padrões das descargas elétricas do peixe.

O pesquisador disse que o próximo passo agora é aproveitar um software livre, já existente, e fazer uma reengenharia, para adaptá-lo ao monitoramento da água que sai dos postos de gasolina.

— A idéia é fazer um protótipo de um equipamento com um baixo custo. Estamos em busca de empresas que financiem a construção do equipamento.

Começo - Os exemplares de sarapó foram coletados no lago do Catalão. Segundo Schwertner, por estar localizado próximo à cidade, além de receber as águas do rio Negro e do Solimões. Durante um ano e meio, a cada 15 dias, era feita uma coleta, que variava conforme a cheia e a vazante. Os peixes eram transportados em sacos plásticos com oxigênio para o Laboratório de Fisiologia Comportamental (LFC/Inpa), e colocados em aquários coletivos ou individuais. No laboratório, eram separados para testes, tendo como base o tamanho, cerca de 15 a 25 cm, e a espécie. A pesquisa teve início em 2003 e foi concluída em março deste ano.

O projeto teve o financiamento do CT-Petro, da Petrobras, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e contou com a cooperação tecnológica do Centro de Pesquisa Renato Archer (CenPRA), através da Divisão de Robótica e Visão Computacional, no apoio em software, hardware, processamento e análises de sinais.

— A cooperação tecnológica com o CenPRA vai além das questões de biomonitoramento, a intenção é estudar o campo elétrico do peixe e como ele se localiza no ambiente, para adaptar em robôs subaquáticos utilizados em pesquisas - afirmou.

Sarapó - São peixes onívoros que se alimentam principalmente de pequenos peixes, crustáceos, microvermes, larvas, podendo chegar a medir 60 cm. O pesquisador disse que algumas espécies são agressivas, ou seja, brigam para defender seu território, outras são mais sociáveis e vivem em cardume. Na região Amazônica, existem sete famílias de peixes elétricos: Apteronotidae, Eigenmannidae, Sternopydidae, Rhamphichthyidae, Hypopomidae, Gymnotidae e Electrophoridae (segundo Alves-Gomes et al., 1995) Elas têm atraído a atenção dos pesquisadores, tanto pela variedade quanto pelas características peculiares. (INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 15/11)

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