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2005-11-16
O mercado brasileiro reage a episódios negativos relacionados ao meio-ambiente, mas não há indícios de que as ações se valorizem em conseqüência de eventos positivos, como certificações, prêmios ambientais ou anúncio de investimentos em pesquisa com vias à preservação de florestas, águas ou à redução de poluentes. A constatação está em um estudo pioneiro desenvolvido por Bruno Moreira Barbosa de Brito para o Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e que sugere a adoção de políticas que privilegiem a divulgação de balanços ambientais, de forma que o investidor possa começar a reconhecer valor nessas práticas.

Para compor a pesquisa, Brito fez um filtro entre as empresas de capital aberto em setores com alto potencial de impacto ambiental, como petróleo e gás, papel e celulose, químico, siderurgia e mineração. Escolheu as ações mais líquidas, presentes em 95% dos pregões analisados, de 1997 a 2004, e elegeu 12 eventos ambientais negativos e 18 positivos, de um total de 55, excluindo aqueles que coincidiram com outros fatores que poderiam mexer com os papéis, como a apresentação de demonstrações financeiras, fusões e aquisições ou anúncio de captações.

No final, o portfólio avaliado ficou com 11 companhias: Petrobras, Aracruz, Klabin, Suzano, Votorantim, Vale do Rio Doce, Copene/Braskem, CSN, Gerdau, CST e Usiminas.

Depois de ter dividido os eventos ambientais em dois grupos, o pesquisador agrupou cada um deles numa mesma data zero e analisou o retorno das ações para diferentes intervalos de tempo, entre o dia anterior à divulgação até 20 dias depois. A partir daí, Brito se valeu, entre outras técnicas, de modelos estatísticos de geração de retorno tendo o Ibovespa e o IBX-100 como referenciais.

O resultado foi que, para os episódios positivos, o mercado não respondeu de forma representativa. Já para eventos negativos - como a multa de R$ 4,8 milhões imposta pela Secretaria do Meio Ambiente do Espírito Santo à Vale do Rio Doce, em 1998, ou o vazamento de óleo da Refinaria de Duque de Caxias da Petrobras, em janeiro de 2000 -, as ações do portfólio foram penalizadas.

Considerando-se o intervalo mais curto, da véspera da divulgação até cinco dias, a desvalorização média da carteira foi de 2,19%, considerando-se o Ibovespa como referência. Ampliando-se o período da amostra para até 20 dias após o evento, a queda chegou a 5,69%.

— À medida que o mercado reage de forma significativa, punindo as empresas com desempenho ambiental inferior, cria-se um incentivo à adoção de boas práticas porque isso vai interferir no custo de capital das companhias - diz Brito. Para ele, a performance nessa área começa a ser utilizada como um indicativo de desempenho financeiro, e já há a percepção de que empresas com metas de sustentabilidade contam com gestão moderna e isso tende a repercutir nos resultados.

Mas se o mercado ainda mostra indiferença em relação à adoção de práticas ambientais auto-sustentáveis, Brito sugere que a Comissão de Valores Mobiliários normatize a divulgação de balanços específicos, a fim de que os dados sejam padronizados e permitam comparação entre as empresas.

Os princípios da responsabilidade social e ambiental ganharam força no mercado brasileiro especialmente este ano, com o processo de criação do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), pela Bovespa, juntamente com a Fundação Getúlio Vargas e outras sete entidades. Das 150 empresas em bolsa que inicialmente responderiam ao questionário que vai dar base ao índice, apenas 120 receberam o material e têm até 8 de novembro para remetê-lo à FGV. As outras 30 empresas foram cortadas por falta de liquidez.

Mas, se depender do ritmo das respostas, um número ainda menor vai concorrer ao ISE. Apesar de terem recebido o material há duas semanas, até terça-feira só uma empresa havia respondido ao questionário, segundo o coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, Rubens Mazon. Ele estima que metade delas não devolverá o documento. Uma parte por falta de conhecimento, já que este é o primeiro ano de um índice com conceitos inovadores no Brasil. No entanto, há aquelas que sabem que dificilmente farão parte do ISE e por isso preferem ficar com o benefício da dúvida: não entraram porque não responderam ou porque não são sustentáveis?

O executivo das empresas que decidiu não responder às questões afirma que o preenchimento do questionário, abrindo tantos detalhes, poderia expor a companhia aos concorrentes de capital fechado. Além disso, por estar em um setor poluente e competir com empresas muito menos danosas ao meio ambiente, como alimentos e telefonia, o executivo afirma que dificilmente entraria no ISE.

Segundo Mazon, da FGV, a Petrobras, maior empresa da América Latina, é umas das companhias que sinalizou não ter a intenção de responder às questões. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, informou que a estatal ainda não decidiu se responderá ou não ao questionário. Segundo ele, existe um parecer técnico contra a participação porque o índice não contemplaria as especificidades dos setores em que as companhias operam - uma indústria é tratada da mesma forma que uma varejista, mesmo que os riscos de danos ao meio ambiente, por exemplo, sejam muito diferentes. Mas ele acrescentou que ainda não foi tomada uma decisão final sobre responder ou não às perguntas do índice. Para o gerente executivo de Relações com Investidores da Petrobras, Raul Campos, existe também uma limitação do questionário que aceita apenas sim ou não como respostas. O grupo Ipiranga também está analisando prós e contras de responder o conjunto de perguntas.

As empresas de setores que inicialmente seriam excluídos do ISE, como bebidas e fumo, estão dispostas a preencher o questionário.

— Vamos responder, porque lutamos para a exclusão não ser levada à frente - diz José Cosmo, gerente de Assuntos Corporativos da Souza Cruz. Ele acredita que as iniciativas sócio-ambientais podem colocá-la como uma das elegíveis. (Valor Online, 14/11)

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