Técnicos questionam eficácia de projeto de transposição do Rio São Francisco
2005-11-16
O projeto de transposição do Rio São Francisco foi um dos temas em debate durante o 8º Encontro de Gestão Empresarial e de Meio Ambiente (Engema), promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), na cidade do Rio de Janeiro, na semana passada, e reuniu técnicos de órgãos ambientais e de saneamento que discutiram questões ligadas à gestão ambiental, como uso racional da água e coleta seletiva do lixo. Para o professor de desenvolvimento sustentável José Antônio Puppim, da Escola Brasileira de Administração Pública da FGV, o projeto de transposição deveria ser discutido pela sociedade com maior profundidade, antes de qualquer ação do governo federal.
— Essa medida pode afetar a sustentabilidade do rio, trazendo impactos importantes no futuro. Os desdobramentos para as comunidades ribeirinhas não estão sendo discutidos. A distribuição da água para a população, por exemplo, é uma questão que ainda precisa ser estruturada. E isso envolve negociação, recursos e análises específicas - afirmou. O professor disse temer que o projeto de transposição acabe como muitas outros que previam grandes obras e inúmeros benefícios, mas não conseguiram surtir os efeitos esperados por falta de planejamento amplo:
— Executando esse projeto como está agora, as pessoas vão continuar passando sede porque os desdobramentos indiretos, como levar a água do canal até a população não foram calculados.
Para Puppim, a realização da transposição neste momento contraria o princípio da precaução, definido durante a Rio 92 (conferência global sobre meio ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992).
— Se há controvérsias fortes na sociedade sobre um determinado assunto, é preciso realizar mais debates técnicos e políticos até que se tome uma decisão definitiva - salientou. (Correio da Bahia, 14/11)