Governo quer Portugal na liderança do aproveitamento da energia das ondas
2005-11-16
Promover a investigação e estudar uma tarifa que rentabilize o investimento são algumas das formas anunciadas no final da semana passada, pelo governo português, para apostar no aproveitamento da energia das ondas e tornar o país líder neste setor. Castro Guerra, secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação, revelou que a Direção Geral de Geologia e Energia (DGGE) está estudando uma tarifa que rentabilize a aplicação deste tipo de tecnologia na produção de energia. Além disso, acrescentou, serão criadas condições aos investigadores para desenvolverem essas tecnologias.
Falando na abertura do seminário Energia das Ondas, promovido pelo Centro de Energia das Ondas, Castro Guerra revelou também que serão criadas condições de licenciamento para que os investidores –não soçobrem ao peso da burocracia–.
Para o secretário de Estado, o fato de o desenvolvimento de tecnologias para o aproveitamento da energia das ondas estar ainda em fase embrionária poderá fazer da plataforma marítima portuguesa, em zonas circunscritas, um espaço onde elas podem ser desenvolvidas, sendo objetivo que Portugal possa dominar –uma das oito tecnologias atualmente em desenvolvimento–.
Antônio Sarmento, diretor do Centro de Energia das Ondas, considera que existem condições para comercializar esta energia num prazo de quatro a cinco anos, dependendo da preparação da rede elétrica e da capacidade dos fornecedores para produzirem os equipamentos necessários.
–A energia das ondas está como estava a eólica há dez ou 15 anos–, com a vantagem que a experiência da eólica –permite perceber que a oportunidade não deve ser perdida–.
Para Sarmento, Portugal –tem condições para se tornar um dos países líderes na demonstração e industrialização desta forma de energia–, lembrando que das quatro tecnologias em fase de teste de protótipos no mar, uma, a de coluna de água oscilante, utilizada na central de ondas da ilha do pico, é de tecnologia
–quase exclusivamente nacional–.
A central do Pico, construída em 1998, funciona em regime experimental desde 2003, servindo a sua experiência de base à central que vai ser incorporada no molhe Norte da Foz do Douro e às flutuantes que se encontram em estudo.
Embora as centrais do Pico e da Foz do Douro sejam construídas junto à costa, é no alto mar, em águas de profundidade de 50 a 80 metros, normalmente localizadas entre cinco a dez quilômetros da costa no caso do centro e norte de Portugal, que se –espera que venha a ser feito o aproveitamento em larga escala das ondas do mar–.
De acordo com um estudo feito para a DGGE, nos mais de 300 quilômetros de costa, e depois de excluídas as zonas de alta sensibilidade ambiental e os canais de navegação de acesso aos portos (cerca de 20 por cento), é possível instalar uma potência de cinco gigawatts, que produzirá 20% do consumo anual atual de energia eléctrica.
–A energia das ondas resulta da ação do vento sobre grandes extensões dos oceanos, prevendo-se que o mercado mundial associado seja de cerca de 350 bilhões de euros, e o nacional, de cinco bilhões de euros–, disse Sarmento.
No projeto trabalham nove empresas nacionais, a que se associou uma empresa holandesa, e três instituições de investigação que se associaram no Wave Energy Center - Centro de Energia das Ondas, instituição privada sem fins lucrativos que visa promover o desenvolvimento e o apoio à comercialização desta forma de energia. (Ecosfera, 11/11)