Conservação de tartarugas marinhas reúne pesquisadores no Cassino
2005-11-16
No intuito de elaborar um documento contendo as estratégias para conservação das
tartarugas marinhas no Atlântico Sul Ocidental (ASO), pesquisadores de três países
(Brasil, Uruguai e Argentina) que integram a Rede ASO passaram o final de semana
reunidos no Hotel Atlântico, no balneário Cassino. O encontro, organizado pelo Núcleo
de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema), também contou com a participação, como
convidados, de pesquisadores que trabalham nos Estados Unidos e na África.
No sábado (12/11), divididos em grupos por temas específicos – pescaria, reabilitação
e veterinária, educação ambiental e pesquisa - eles discutiram e levantaram ações que
consideram importantes para a conservação das tartarugas marinhas, que estão ameaçadas
de extinção. No domingo (13/11), definiram as ações que devem ser implementadas. O Atlântico
Sul Ocidental é a região compreendida por Brasil, Uruguai e Argentina.
Conforme os pesquisadores, das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no
mundo, cinco usam esta região como área de alimentação, desenvolvimento e corredor
migratório, que são a Caretta caretta , a Chelonia mydas , a
Dermochelys coriacea , Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea
. Seguidamente, são encontradas tartarugas destas espécies na praia do Cassino.
O pesquisador Jack Frasier, que atua nos Estados Unidos, estava entre os participantes
da reunião. Ele realizou um trabalho no Uruguai, no Rio da Prata, há alguns anos, sobre
estes animais. Relatou que as pessoas acreditavam que elas eram apenas animais
tropicais. E é necessário que as autoridades, pesquisadores e pescadores de áreas
costeiras entendam que as tartarugas se reproduzem nos trópicos, mas também usam outras
áreas para alimentação, as quais são fundamentais para sua sobrevivência, como no
Uruguai.
Jack Frasier diz que é certo que elas vivem nos trópicos, mas migram e se alimentam em
outras zonas. – Por isso é fundamental que todos os que têm relação com o mar tenham
conhecimento disso. O trabalho da Rede ASO é importante, pois é preciso estudar a
conservação delas fora dos trópicos. Das áreas de reprodução tem muito estudo, mas nas
de alimentação não-, observou. A Rede ASO é integrada por técnicos do Nema, Projeto
Tamar/Ibama, Projeto Karumbé (Uruguai), Prictma (Argentina), Ipec, Gemars, Movi e
Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) do Museu Oceanográfico da Furg.
Jornada
Na segunda-feira (14/11) e ontem (15/11), o Nema também realizou no Cassino a 2ª
Jornada de Conservação e Pesquisa das Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental,
tendo por local a Sociedade Amigos do Cassino. A jornada dirigiu-se aos estudantes
universitários em geral, e teve como objetivo a divulgação dos trabalhos científicos
sobre tartarugas marinhas e mostrar à comunidade rio-grandina a importância do litoral
do Rio Grande do Sul para conservação destes animais. (Jornal Agora, 14/11)