Ambientalistas querem saída de Marina Silva
2005-11-14
Os ambientalistas estão inconformados com a situação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O sertanista Sydney Possuelo afirma que Marina deveria se afastar do cargo. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) relata que amigos já pediram a ela a saída da pasta, pela falta de apoio do presidente à causa de defesa da floresta. O representante do Greenpeace, Sérgio Leitão, diz que só a ministra pode responder se o Planalto está aproveitando o nome e o prestígio dela para dar a impressão que defende o verde. Todos reclamam, no entanto, que o governo desenvolve e promove ações nas áreas de infra-estrutura e agricultura sem preocupações ambientais. Na avaliação de Possuelo, Marina está emprestando o nome a um governo que quer o desenvolvimento a qualquer custo e até hoje não apresentou projeto para a proteção da Amazônia.
— Ela deveria se afastar, a gente não pode emprestar o nome e a história de luta a um negócio que não funciona, a um governo que não combate a destruição das florestas. Com Marina no ministério, sem poder de fato, o governo dá uma falsa esperança aos defensores do meio ambiente – afirma.
Gabeira diz que, para inglês ver, Lula anunciou, nos EUA, antes de tomar posse, o nome de Marina no ministério.
— Ele já pensava em usar o prestígio dela no exterior. Muitos amigos gostariam que ela abandonasse o governo em nome da coerência. Ninguém queria que fosse cúmplice do que está aí.
Sempre que é questionado sobre a derrubada das florestas, Lula lembra a história e a reputação de Marina e minimiza os ataques. Foi assim no programa Roda Viva, da TV Cultura, segunda-feira. Lula afirmou que está comprometido com a manutenção das florestas. Elogiou Marina e disse que houve redução de 40% nas queimadas. Na verdade, o ministério tem expectativa dessa diminuição.
— No Brasil, não tem ninguém mais comprometida com a questão ambiental como a companheira Marina. Mas o ministério e o Ibama estavam desativados - disse o presidente.
As queixas dos ambientalistas incluem falta de ações de combate ao desmatamento na Amazônia, transposição do Rio São Francisco sem atender normas ambientais e incentivos de bancos oficiais a produtores de soja e pecuaristas.
— O governo privilegia a agenda econômica de curto prazo em detrimento da ambiental. E faz um ciclo invertido. O BNDES, por exemplo, financia máquinas para derrubar a floresta - critica Leitão. Para ele, o papel do ministério cria conflitos com outros setores do governo.
Assessores do Ministério do Meio Ambiente dizem que se formou uma jurisprudência na afirmação de que a ministra é uma coitadinha que só perde na queda de braço com outros ministros. E ressaltam que Marina criou 9 milhões de hectares de áreas de conservação na Amazônia e as ações da Polícia Federal e do Ibama teriam aumentado em relação a governos anteriores. (O Estado de S. Paulo, 13/11)