A entidade presidida pelo ambientalista que ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra a instalação de usinas de álcool no Pantanal divulgou duas cartas à imprensa, uma da Fuconams e a outra do falecido Francisco Anselmo Gomes de Barros. Leia abaixo a tristeza dos colegas ambientalistas e algumas das razões alegadas por Francelmo para dar a vida por uma causa ambiental.

O SONHO NÃO ACABOU
É com profundo pesar que a FUCONAMS – Fundação para Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul comunica o falecimento de seu presidente Francisco Anselmo Gomes de Barros (Francelmo).

A paixão pela vida e o amor pela humanidade, simbolicamente foi o combustível emocional que ceifou a vida do companheiro de luta, do amigo, do irmão, do pai, do tio, do marido e do nosso presidente Francelmo. É possível destruir um sonho de um ser humano quando sonha para si, mas é impossível destruir seu sonho quando ele sonha, com e para os outros, o sonho coletivo da transformação.

— A maior genialidade não é aquela que vem da carga genética nem a que é produzida pela cultura acadêmica, mas a que é construída nos vales dos medos, no deserto das dificuldades, nos invernos da existência, no mercado dos desafios-, já disse o psicanalista Augusto Cury.

Loucos, utópicos e tolos são alguns dos adjetivos atribuídos aos ambientalistas. A única certeza que temos, neste momento de visão panorâmica da existência em templo nublado, é que Francelmo foi um grande empreendedor, estrategista, persuasivo e amigo do otimismo. Sociável, corajoso, observador, analítico e crítico de seu tempo. Mas, como ele mesmo diz nesta CARTA À IMPRENSA, que passamos às mãos de V.Sas., quando se refere as questões ambientais mal resolvidas e em curso no país e em Mato Grosso do Sul, é que: — Já não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo.

Podem os ditadores tentar destruir os sonhos da esperança de vida no planeta, mas não destruirão os sonhos de quem ama a liberdade, a vida e a Natureza. Por isso, VAMOS DAR CONTINUIDADE AOS SEUS SONHOS E A SUA LUTA.

Assinam: Jorge Gonda, Maria Helena Brancher, Douglas Ramos, Leonardo Sampaio Costa e Joaquim Longo (Fuconams).

Carta à Imprensa de Francelmo
Meus queridos pares.
Nós fomos os pioneiros no Brasil, na questão do meio ambiente. Hoje somos passados para trás pelos interesses de maus políticos, maus empresários e os PHD’s de aluguel.

Em termos de Brasil, estamos vendo o barco afundar e ninguém diz nada. São transgênicos entrando de contrabando pelo sul e o governo apoiando, são as queimadas na Amazônia e o governo impassível. É gente com terra do tamanho de um estado e, é gente sem terra. É transposição do Rio São Francisco no lugar de revitalização.

No Pantanal querem fazer do rio Paraguai um canal de navegação com portos para grandes embarcações e grandes comboios; É pólo siderúrgico e pólo gás químico. Agora querem fazer usinas de Álcool no rio Paraguai. Um Terço dos deputados a favor, um terço contra e um terço sem saber o que é. Já que não temos voto para salvar o Pantanal vamos dar a vida para salvá-lo.
Francisco Anselmo Gomes de Barros.