UFSC estuda impacto de mega empreedimentos
2005-11-14
Congestionamento, falta de vagas para estacionar, insegurança de pedestres e
motoristas, poluição sonora, visual e atmosférica. Muitas vezes, esse é o preço que
moradores de uma cidade pagam pela implantação de shoppings centers, hipermercados,
hospitais, universidades e estádios, por exemplo. Pensando nas formas de evitar as
conseqüências desagradáveis dos grandes empreendimentos, pesquisadores de nove países
decidiram trabalhar em conjunto e formar a Rede Ibero-Americana de Estudo em Pólos
Geradores de Viagens (PGVs), da qual faz parte a Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC).
Locais onde são desenvolvidas atividades atrativas à população, gerando tráfego
intenso de pessoas e veículos, são considerados PGVs. No Brasil, o estudo dos impactos
causados pelos mega empreendimentos ainda é recente, mas várias pesquisas vêm sendo
desenvolvidas na área. – Os shopping centers foram o primeiro objeto de estudo da
maioria dos pesquisadores, pois representam mudanças muito grandes na cidade. Mas hoje
há uma grande variedade de pólos sendo estudados-, explica a professora do Departamento
de Engenharia Civil (EVC/UFSC) Lenise Grando Goldner - que é subcoordenadora geral da
Rede.
A iniciativa integrou instituições de pesquisa de sete países da América Latina -
Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela - e dos dois da
Península Ibérica - Portugal e Espanha. Ao todo, 50 pesquisadores, de 16 universidades,
estão envolvidos no projeto. – Em um primeiro momento, cada integrante desenvolverá
pesquisas sobre PGVs implantados em seu país. Depois, esses estudos serão analisados e
compilados, formando uma publicação-, afirma Lenise.
Segundo a professora, o objetivo é construir uma base de dados e estatísticas que
possam auxiliar na avaliação dos efeitos causados por novos empreendimentos. – Vamos
propor procedimentos, modelos e parâmetros para análise dos impactos que esses pólos
geram, condizentes com a realidade das nossas cidades-. Ela ressalta ainda que os
estudos da Rede não se restringem à geração de tráfego, mas também avaliam impactos
ambientais. – Tudo isso para evitar equívocos, que geralmente só são percebidos depois
que o pólo já foi implantado-.
A professora Lenise Goldner estuda os PGVs desde a década de 1980 – fato que a motivou
a ser uma das idealizadoras da Rede, em conjunto com o professor Licínio da Silva
Portugal, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). – Minha dissertação de
mestrado e minha tese de doutorado tratam do tema, assim como outros trabalhos que
orientei no Programa de Pós-Graduação do ECV.
Agora, ela orienta uma pesquisa,
realizada por alunos de graduação, que analisa o tráfego gerado por nove grandes hotéis
da capital catarinense.
Esse e outros estudos desenvolvidos no Departamento de Engenharia Civil da UFSC já
formam a produção científica da Rede. – Esperamos divulgar os primeiros resultados em
2007. Com o tempo, poderemos também analisar as semelhanças e diferenças existentes
entre as cidades onde são desenvolvidas as pesquisas.
A Rede Ibero-Americana de
Estudo em Pólos Geradores de Viagens é patrocinada pelo Ministério da Ciência e
Tecnologia do Brasil. (Ecoagência, 11/11)