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2005-11-11
— A contaminação de determinadas partes do Iraque se deve tanto aos efeitos das guerras com o Irã e do Golfo como aos saques e à falta de investimentos na preservação do meio ambiente durante muitos anos-, explicou o diretor-executivo do Pnuma, Klaus Toepfer, em entrevista coletiva.

A agência internacional elaborou um estudo sobre as zonas contaminadas no país e, junto às autoridades iraquianas, selecionou como prioritárias cinco áreas, quatro delas situadas num raio de entre 30 e 50 quilômetros de Bagdá.

— Essas áreas foram escolhidas por terem uma alta densidade de população, especialmente as próximas a Bagdá, onde habitam cerca de sete milhões de pessoas que podem estar em perigo por causa da contaminação ambiental-, explicou a ministra do Meio Ambiente iraquiana, Narmin Othman.

Segundo ela, o risco dos restos químicos detectados em centenas de partes do Iraque se deve ao fato de, em muitas ocasiões, serem contaminados o solo e a água, e estes males podem ser transmitidos aos animais e produtos agrícolas - para daí chegar à cadeia alimentar.

Além disso, a população, especialmente a infantil, está em contato direto com altas doses de radiação e materiais tóxicos, mas não conta com informação suficiente a respeito de seu grau de periculosidade.

Em princípio, metade dos fundos solicitados à comunidade internacional servirá para iniciar no próximo mês de dezembro os trabalhos de limpeza, que durarão cerca de seis meses.

Na província de Al Qadisiya, muito perto de Bagdá, está localizada uma fábrica de pranchas metálicas que foi bombardeada e saqueada em 2003 e onde fica uma grande quantidade de resíduos perigosos, entre eles várias toneladas de cianureto, segundo o Pnuma.

Também começarão em dezembro as tarefas de limpeza em Al Suwarira, a 50 quilômetros da capital iraquiana, onde fica um imenso armazém de pesticidas que foi assaltado e devastado em 2003.

As outras três áreas selecionadas como prioritárias são um armazém petroquímico da zona de Khan Dhari, ao oeste de Bagdá, saqueado e queimado em março de 2003, o centro de exploração de enxofre de Al Mishraq, ao sul de Mossul, e o depósito de ferro-velho militar de Ouireej, ao sul da capital iraquiana.

Este último local se tornou o principal despejo de restos militares e de armas iraquianas destruídas. Por isso, segundo dados do relatório, o depósito contém centenas de elementos potencialmente nocivos, entre eles mísseis e peças de artilharia que ainda não detonaram.

A outra metade dos fundos solicitados se destinará à criação de uma fábrica de tratamento de resíduos tóxicos nesse país.

O Governo japonês, que financiou a elaboração do relatório do Pnuma, já desbloqueou US$ 4,7 milhões para a primeira fase de descontaminação. O representante permanente do Japão ante a ONU em Genebra, Ichiro Fujisaki, explicou que seu país está interessado na estabilidade do Iraque, assim como de toda essa importante área geográfica.

Durante os últimos meses, um grupo de 33 iraquianos foi formado em Genebra e em Amã Para realizar os trabalhos de localização e limpeza de resíduos tóxicos.

— Isto não é mais que o início de uma tarefa muito complicada, que requer milhões e milhões de dólares em investimento-, por isso a ajuda da comunidade internacional é absolutamente necessária, comentou Othaman. (IG Último Segundo, 11/11)

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