Em uma proposta da coordenação da Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), três oficinas regionais e um seminário nacional estão programados para acontecerem até o final deste ano, no Brasil. O objetivo desses eventos é discutir a visão estratégica da integração da infra-estrutura, já que a própria coordenação do IIRSA assume que essa etapa foi pulada na construção do projeto.

Porém, não há perspectiva de que os 31 projetos em si sejam discutidos ou questionados nesses eventos. Tendo sido realizado em vários países da América do Sul, o Vesa (Visão Estratégica Sul Americana) - como foi denominado, até agora, contou com pouca ou nenhuma contribuição da sociedade civil. – Foi só por um bom acaso que ficamos sabendo da realização desses eventos, buscamos informação e, agora, estamos participando-, afirma Fabrina Furtado, secretária executiva da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, entidade principal articuladora da participação da sociedade civil no Vesa. No Brasil a coordenação destes encontros está a cargo do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

Criado oficialmente em 2000, durante a reunião dos presidentes da América do Sul, o IIRSA é financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Corporação Andina de Fomento (CAF) e tem como principal finalidade integrar toda a América do Sul através de hidrovias, ferrovias, rodovias, aeroportos e hidrelétricas, muitas vezes cortando áreas como a Amazônia e o Pantanal, no caso brasileiro. A demonstração explícita de que a Vesa não se propõe a discutir o projeto IIRSA ou o futuro da América Latina, mas somente sua visão estratégica, pode ser considerada um entrave para as organizações da sociedade civil que almejam alternativas a esse projeto e que exigem que os impactos socioambientais sejam considerados e minimizados.

– Esses eventos são importantes no sentido de que se constituem no primeiro espaço para a troca de informações, mas apresentam a enorme contrariedade de não propiciar condições para modificações no próprio projeto IIRSA, que não é a estratégia de desenvolvimento que a sociedade civil quer-, avalia Fabrina.

O Seminário Nacional acontece no dia 23 de novembro, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. As oficinas regionais estão agendadas para os dias 7 de dezembro, em Campo Grande e 16 de dezembro, em Foz do Iguaçu. O evento de Manaus poderá acontecer no dia 13 do próximo mês, mas ainda não foi confirmado. As entidades interessadas em participar das oficinas regionais podem enviar e-mail para f.furtado@rbrasil.org.br. No dia 22 de novembro, haverá uma reunião prévia de organizações da sociedade civil para o Seminário Nacional, no Rio de Janeiro. E no dia 30 de novembro acontece um evento regional, no Paraguai, que provavelmente não será aberto à participação da sociedade civil organizada. (Ecoagência, 10/11)