Lançada rede européia sobre impacto das alterações climáticas
2005-11-10
Cerca de 30 instituições de 17 países europeus vão unir-se em rede para investigar os impactos das alterações climáticas e preparar estratégias nacionais de adaptação. O projeto CIRCLE foi lançado na Segunda-feira (7/11) em Lisboa.
Segundo a comunidade científica internacional, a temperatura média global vai subir, pelo menos 2ºC nos próximos 70 a 100 anos. As regiões do Mediterrâneo e dos Alpes estão entre as que deverão ser mais afetadas na Europa.
Os impactos das alterações do clima começam a sentir-se, mas apenas a Finlândia adotou de um plano nacional de adaptação. Portugal, que participa no programa CIRCLE – Coordenação de Pesquisas sobre o Impacto do Clima em Toda a Europa – através da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, ainda está na primeira fase – a identificação dos impactos.
Atualmente –não existem planos para organizar uma estratégia de adaptação–, lamenta Filipe Duarte Santos, representante da FCT nos dois dias de trabalhos do CIRCLE em Lisboa. O responsável denunciou, em conferência de imprensa esta tarde, que a promoção da investigação dos impactos das alterações climáticas está concentrada no Ministério da Ciência, deixando de fora o Ministério do Ambiente.
Agora, no âmbito do CIRCLE (2004-2009), as instituições dos vários países poderão apresentar candidaturas a projetos de investigação que, por sua vez, serão agrupados em áreas temáticas, numa lógica de cooperação transnacional.
O coordenador do CIRCLE, Martin Konig, explicou que a rede visa coordenar as investigações realizadas em cada país, aproveitar melhor o saber e possibilitar o compartilhamento de informações. Posteriormente, o programa apoiará cada país a elaborar as suas estratégias nacionais de adaptação.
Martin Konig informou que no encontro do CIRCLE em Lisboa foram identificadas –sérias lacunas de informação em países como a Bulgária e a Romênia– e lembrou a necessidade de ultrapassar os obstáculos das diferenças administrativas de cada país.
Além do papel de coordenador, a rede visa também cativar os decisores empresariais, os municípios e governo –para que as medidas de adaptação às alterações climáticas sejam incorporadas nos processos de decisão–.
O financiamento dos projetos de investigação é da responsabilidade dos programas nacionais. Está em discussão o orçamento do CIRCLE para depois de 2009, no âmbito do 7º Programa de Ação Ambiental europeu.
A informação no âmbito do CIRCLE será disponibilizada através de uma página na Internet, newsletters e plataformas de comunicação que identifiquem as principais necessidades de informação para os vários agentes.
A primeira fase do CIRCLE começou no verão de 2004 com apenas seis países, entre eles Áustria, Hungria, Holanda e França. Portugal integrou o programa neste ano. (Ecosfera, 8/11)