Novo Hamburgo tem suspeita de leptospirose
2005-11-09
Há uma semana está internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH), com suspeita de leptospirose, Sidinei Medeiros da Silva, 19 anos, morador da Vila Kraemer, bairro São Jorge. De acordo com o pai do paciente, o agricultor Elias Rodrigues da Silva, 49, os médicos não conseguiram fazer um diagnóstico preciso sobre a situação do rapaz. – Primeiro achavam que era
leptospirose, mas agora têm dúvidas. Desconfiam que seja meningite ou infecção
generalizada-, comenta Silva.
Segundo ele, há 15 dias o filho vomitava e sentia muita dor na nuca, pernas e estômago. A médica infectologista do Departamento Municipal de Vigilância em Saúde, Fábia Corteletti, explica que há casos em que é difícil identificar a leptospirose. – Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças-, afirma. De acordo com a especialista, em um quadro mais agudo (a leptospirose ictero-hemorrágica), podem ser atingidos rins, fígado ou pulmões e prejudicadas várias funções do organismo.
LIXO - O primo de Sidinei, o lixador Paulo Cézar da Silva, também morador da Vila Kraemer, queixa-se do grande número de ratos na localidade. São esses animais que, por meio da urina, transmitem a leptospirose. – Aqui temos só duas lixeiras para toda a vila, por isso tem dias que fica muito lixo acumulado [os resíduos são recolhidos três vezes por semana]. E para piorar, ainda corre um esgoto a céu aberto nos fundos da casa do Sidinei-, conta o familiar. A reclamação é a mesma entre os vizinhos. – De noite a gente chega a ouvir o barulho dos ratos. Eu sempre cuido para não colocar lixo aberto na rua-, acrescenta a cozinheira Rosemara da Luz, 35.
A presidente da Associação de Moradores do Bairro São Jorge, Jussara de Fátima
Oliveira, informa que desde 2003 procura o Departamento Municipal de Vigilância em Saúde para que verifiquem a situação, pois naquele ano um morador da Vila Kraemer morreu de leptospirose. – Já fiz vários pedidos para que viessem aqui, colocassem mais lixeiras e canalizassem o valão. Só que nada foi feito-, denuncia. Segundo a assessoria de imprensa do departamento, a limpeza e canalização do esgoto não competem à Vigilância em Saúde. No ano passado, foram notificados 41 casos em Novo Hamburgo e confirmados sete. Não houve óbito. No primeiro semestre deste ano, foram notificados 21 casos e confirmado um. O relatório divulgado pelo Município não identifica os locais onde as pessoas contraíram a enfermidade. (Jornal NH, 08/11)