Audiência pública decide futuro dos resíduos na Argentina
2005-11-08
–Não queremos ser o pátio traseiro do lixo da Capital–. Esta frase de repetiu várias vezes nas dependências do Senado Argentino, onde mais de 30 representantes de organizações não-governamentais, de municípios, de áreas do governo de Buenos Aires e do setor privado expuseram, em uma audiência pública, suas posturas a respeito de uma futura legislação de resíduos.
O informe sobre as exposições da audiência será conhecido somente daqui a 30 dias. Então, o Senado provincial afrontará as tratativas finais para a aprovação e uma lei sobre a qual existem sete projetos. A lei terá adiante uma complicada missão: resolver o processamento e o destino final do lixo produzido pelos 134 municípios da Grande Buenos Aires. Uma curiosidade foi apontada por Miguel Otero, funcionário do município de San Fernando: –De 134, somos o único município presente–, disse, após criticar o projeto de lei do Poder Executivo, que propõe que cada municipalidade dê conta de seu lixo. –Com que meios vamos afrontar semelhante responsabilidade?– perguntou o funcionário de San Fernando.
O projeto do Executivo, além disto, obriga a depositar o lixo em aterros sanitários, que substituiriam os lixões a céu aberto. Segundo argumenta, estes contaminam mais.
O lixo portenho foi outro eixo de discussão: é pouca a vida que resta aos três grandes aterros existentes em González Catán, San Martín e Ensenada. Quando, em 2004, a Companhia Municipal de Serviços de Lixo (CEAMSE) pretendia abrir mais um aterro na província, houve protestos de moradores, o que fez abortar a iniciativa.
Agora, alguns moradores temem que, se por lei, devem construir novos aterros, estes terminem sendo usados também para colocar o lixo que é recolhido na Capital. –Imagino que, no futuro, deveriam se abrir outros três eixos de aterros sanitários na província para receber o lixo da Capital e da área conurbada, cada um com uma planta de tratamento de lixo–, admitiu uma alta fonte governamental de Mar del Plata.
Jorge Etcharrán, secretário de Política Ambiental de Buenos Aires, explicou: –Temos que ser honestos na discussão. O problema do lixo exige soluções graduais no tempo. Queremos fechar a General Paz para que não passe o lixo portenho? E se os portenhos a fecharem para que os bonarenses não passem a usar en a usar seus hospitais e escolas? Precisamos de uma solução integral para a Área Metropolitana–, assinalou. (Clarín, 8/11)