Não podemos continuar só com uma política de unhas e dentes, diz ministra
2005-11-08
A declaração foi dada pela Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em palestra no
primeiro dia da feira, onde analisou o estágio de implementação de políticas públicas
para promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia e do plano de combate ao
desmatamento na região.
– Não podemos mais agir só com o Ibama, a Polícia Federal e os outros órgãos de
fiscalização. Sei que ainda há muito a resolver, mas é necessário solucionar os
problemas de forma estruturante, para que nossos objetivos sejam alcançados-, destacou
a Ministra. E o apoio ao manejo sustentável é uma das vertentes que devem guiar essa
política florestal brasileira. – A não observância das condições do uso sustentável
provocou uma devastação gigantesca na China. O mesmo processo já ocorreu na Mata
Atlântica, e pode atingir o resto de nossos biomas, como o Cerrado, a Caatinga e
Amazônia.-
Neste sentido, destaca-se a importância de um evento como o Mercado Floresta. – É uma
oportunidade única para se dar visibilidade ao que já está sendo feito. Muitas vezes
falamos na teoria que poderia dar certo, e hoje temos como mostrar na prática. Então,
ter aqui as comunidades, os estados e as empresas de um modo geral é uma demonstração
que é possível fazer negócios sustentáveis. A floresta precisa dessa nova oportunidade,
de continuar floresta, preservando sua a biodiversidade, e também viabilizar condições
de vida digna para as pessoas.-
Além disso, Marina Silva ressaltou a importância de construir uma estrutura que
permita a concretização da política florestal brasileira. Assim, o projeto de lei de
gestão de florestas públicas ganharia ainda mais importância. – O projeto é um marco
legal necessário e urgente-, complementou.
Em declarações à equipe do site www.amazonia.org.br, a Ministra reafirmou que espera a
aprovação do projeto para breve. – A expectativa do Ministério é que se aprove ainda
este ano. Já existe um acordo para aprovação nas comissões do Senado, espero que ele
possa se repetir no plenário. A urgência constitucional caiu em função das medidas
provisórias que estão tramitando na Casa, mas os líderes estão negociando para
recuperar a urgência ainda para a próxima semana.-
A palestra foi parte de um dos módulos do Seminário Internacional sobre Economia de
Qualidade e Reservas da Biosfera, parte integrante da programação do Mercado Floresta.
Também participaram do módulo Engelbert Ruoss, coordenador da Força Tarefa em Economia
de Qualidade da UNESCO, Celso Schenkel, coordenador de Ciência e Meio Ambiente da
UNESCO, Carlos Eduardo Young, economista da UFRJ e Cássia Baretta, da Secretaria de
Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente.
O Mercado Floresta prossegue até hoje (08/11) na Oca, no Parque Ibirapuera. Paralelos
à feira, estão previstos diversos eventos, entre palestras, workshops, mostras, uma
academia gastronômica e outros. (Amazonia.org.br, 06/11)