Apoio holandês a projetos ambientais: a ênfase é no resultado local
2005-11-08
– Eu comprar coisas de lá-, sorri o Cônsul Geral dos Países Baixos, Marc Th. Vogelaar,
enquanto mostra uma sacola de produtos do Pará, ao se apresentar em português à platéia
do Mercado Floresta, na abertura do evento, na Oca do Ibirapuera, em São Paulo.
Ressaltando que o ambiente é uma herança de todos os seres humanos, o holandês
justificou o apoio de seu país ao Mercado Floresta, na esteira do apoio a outros
projetos ambientais brasileiros como o Balcão de Serviços para Negócios Sustentáveis,
da Amigos da Terra - Amazônia Brasileira: – Sou de um país que fica abaixo do nível do
mar; se não controlarmos as mudanças climáticas, ele vai ser alagado, e eu tenho
certeza de quem nem todos de lá sabem nadar...-.
A postura de seu país é a de dar apoio a projetos locais de desenvolvimento. Por que
não dar ênfase à questão das políticas ambientais?
Em termos políticos, a postura da Holanda é diferenciada: é o país que mais destina
recursos públicos para apoio a projetos ambientais (1% do PIB). E fazemos isso por meio
da ligação com pequenos projetos, que têm condição de atingir e beneficiar diretamente
a população da área que deve se desenvolver. Nenhum governo poderia levar o auxílio
necessário a essas pessoas, é mais fácil chegar por via privada aos negócios da
Amazônia, por exemplo, que apoiamos. E, pela iniciativa privada, fazer esse sistema de
mercado fluir, as mercadorias locais circularem e os negócios funcionarem. O governo
não vai comprar as mercadorias, os empresários vão.
Qual seria a eficiência disso diante da necessidade de políticas ambientais globais?
Acreditamos que o empenho local vai abrir as avenidas e os mecanismos para que os
produtos locais possam ser mercantilizados. Está funcionando, está dando resultados.
Esses projetos funcionando, eles podem abrir caminho para muitos outros. É claro que
muita coisa é necessária para salvar a Amazônia, incluindo políticas públicas, uma
questão complexa de infra-estrutura. Sabemos que não é a solução completa, mas isso é
parte da solução para o problema todo. Acho que qualquer solução já ajuda. Se ajudarmos
o povo da Amazônia, ele vai sobreviver. E, se eles sobreviverem, a Floresta vai
sobreviver.
E qual é o próximo passo?
A assistência ao desenvolvimento dos Países Baixos agora tem como foco ajudar os países
mais pobres do mundo, a maioria dos quais está na África. Infelizmente, estamos tirando
a concentração do nosso apoio no Brasil no próximo ano, mas não sem antes ter estudado
e indicado novos apoiadores para os projetos brasileiros continuarem, como a União
Européia. Claro que, como membro da União Européia, também fazemos parte dessa
política, continuamos indiretamente o que começamos, mas nossa prioridade passa a ser
a solução do problema da pobreza, que é uma questão de desenvolvimento. (Amazonia.org.
br, 05/11)