Trabalhadores se unem em rede de cooperativas de algodão ecológico
2005-11-08
Cerca de 700 trabalhadores, entre fiadores, agricultores, costureiras e tecedores, de várias regiões do país estão sendo beneficiados pelas atividades desenvolvidas pela Justa Trama, uma rede de cooperativas de algodão ecológico.
Criada este ano, desde que seis cooperativas se reuniram para produzir bolsas para o Fórum Social Mundial, realizado em janeiro, na cidade de Porto Alegre (RS), a Justa Trama lançou oficialmente seus produtos em um desfile na comunidade do Cantagalo, no Rio de Janeiro, há duas semanas.
—No início deste ano, nos unimos para produzir 60 mil sacolas de algodão que os participantes do Fórum Social Mundial receberam no momento da inscrição. Daí em diante, percebemos que era possível fechar toda a cadeia produtiva com cooperativas que utilizam os preceitos da economia solidária. Isso significa que da produção até a comercialização, nos nossos produtos estão presentes conceitos que valorizam o coletivo, a transparência, a divisão de renda e o comércio justo, com preços que respeitam o trabalhador e levam em conta o bolso do comprador-, afirma Idalina Maria Boni, uma das coordenadoras da Justa Trama.
A primeira rede solidária que domina toda a cadeia produtiva no Brasil é formada pelos agricultores familiares da cidade de Tauã (CE), responsáveis pelo plantio e pela colheita do algodão; os cooperados da Açaí (RO), que fazem a coleta das sementes que vão servir para colorir os tecidos; os fiadores da cooperativa Cones, em Nova Odessa (SP); os tecedores da Textilcooper, de Santo André (SP); e as costureiras da Univens, de Porto Alegre (RS) e da Fio Nobre (SC). Segundo Idalina, a organização de toda a cadeia produtiva traz diversos benefícios para toda a sociedade.
—Trabalhamos com produtos orgânicos, que não agridem o meio-ambiente. Além disso, antes de iniciarmos a confecção das roupas, fizemos um debate com estilistas e outros profissionais da área. As peças são bonitas, modernas e exclusivas para o consumidor-, afirmou Idalina.
O secretário nacional de Economia Solidária, Paul Singer, também acredita que esse modelo de economia que respeita e preserva o meio ambiente e está embasada em valores da autogestão, da solidariedade e da inclusão garante inúmeras vantagens para o país. —A renda se distribui de forma muito mais igualitária do que no modo capitalista, em que os donos concentram a maior parte dos recursos gerados. Nas cooperativas, todas as etapas da cadeia produtiva são realizadas por trabalhadores que não são assalariados, mas donos do empreendimento-, afirmou Singer. Para ele, iniciativas como a Justa Trama, favorecem o desenvolvimento do país e proporciona a inclusão social dos trabalhadores.
A coordenadora da Justa Trama, Idalina Boni, explica que o próximo passo será viabilizar a comercialização dos produtos da rede de cooperativas em lojas. (Agência Brasil, 7/11)