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2005-11-08
O Rio Grande do Sul possui uma das mais bem estruturadas experiências de coleta seletiva e de processos de reciclagem de lixo do Brasil, elaborada por associações de trabalhadores em áreas urbanas. A constatação resulta de estudo da Fundação de Economia e Estatística (FEE), do Governo do Estado, apresentada na Feira do Livro. A base da publicação é a tese de doutorado da economista Clitia Helena Backx Martins, que se debruça sobre a experiência de Porto Alegre no gênero.

Sob o título Trabalhadores na reciclagem do lixo: dinâmicas econômicas, sócio-ambientais e políticas na perspectiva de empoderamento , Clitia apresenta uma análise das novas formas de organização e de integração dessa modalidade de trabalhadores, através de associações de reciclagem, na busca por estabelecerem uma identidade coletiva e perspectivas de autonomia e sustentabilidade.

– As atividades organizadas de separação e de reaproveitamento dos resíduos sólidos em larga escala são relativamente recentes-, explica a economista da FEE, e vêm se acentuando nos últimos anos, como forma de equacionar desafios referentes à gestão urbano-ambiental e possibilitando a criação de trabalho e de renda para vastos setores da população urbana. A novidade, afirma Clitia Martins, está na própria valorização dos resíduos sólidos, como matéria-prima pós-consumo, e dos seus alquimistas, os trabalhadores na reciclagem do lixo.

Pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), aplicada em 2000, que indicou a presença de catadores informais em cerca de 3,8 mil municípios brasileiros, com a participação massiva de crianças e de adolescentes, catando em lixões, em aterros ou nas ruas, é uma das fontes citadas no documento da FEE. – Os trabalhadores são expostos a situações de risco de contaminação e sujeitos à violência decorrente da disputa pelo material e, ainda, da própria vulnerabilidade de suas condições precárias de vida-, adverte.

Um dos meios do Governo do Estado para modificar a realidade revelada pelo estudo de Clitia Martins é o programa Galpão de Reciclagem, liderado pela Fundação Metropolitana de Planejamento e Regional (Metroplan), que proporciona inclusão social de famílias situadas abaixo da linha da pobreza, a partir da transformação em renda de papel usado, garras plásticas e latinhas de alumínio. A iniciativa, viabilizada com recursos da Consulta Popular, até agora já resultou na construção de dez unidades em Bagé, Guaíba e Esteio, além de Porto Alegre.

O programa também ajuda a recuperar o meio ambiente, reduzindo o lixo destinado aos aterros e estimulando os municípios a implantarem a coleta seletiva e organizar associações de recicladores. Uma tonelada de papel reaproveitado, por exemplo, poupa 22 árvores do corte, consome 71% menos energia elétrica e representa uma poluição 74% menos do que na mesma quantidade. Por outro lado, uma tonelada de alumínio - matéria-prima das latinhas de refrigerantes - usado reciclado representa cinco toneladas de minério extraído poupado e, para cada garrafa de vidro reciclada é economizada energia elétrica suficiente para acender uma lâmpada de 100 Watts durante quatro horas. Hoje, cerca de 500 mil pessoas sobrevivem com reciclagem de lixo no Brasil. (Governo do RS, 05/11)

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