Trabalhador contaminado luta sozinho contra petroleiras
2005-11-07
Profundamente
debilitado e em situação econômica vulnerável, ele descobriu a origem de
seus problemas anos depois de ser demitido sem exames médicos por empresa do
terminal de Duque de Caxias.
Terça-feira (dia 08/11), às 14:30,
em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio, haverá a primeira audiência
da ação por reparação de dano causado à saúde, nº02123-2005-205-01-00-0,
movida por Romildo Ferreira contra a empresa Rocha e Filho. Durante três
anos, de 1988
a 1990, o operador de transferência de combustível e
estocagem respirou substâncias que causam câncer e mutações genéticas sem
receber nenhum tipo de informação e equipamento de proteção. Ele afirma ter
sido exposto a emissão de gases tóxicos como o benzeno e chumbo tetraetila,
metanol e anidro por períodos initerruptos de até 12 horas, por fazer um
trabalho que exige grande concentração para evitar que os tanques
transbordem.
— Fui demitido
sem exames médicos - afirma o trabalhador. — Eu passei mal e o patrão disse
que eu não estava me adaptando ao serviço, e me mandou embora.
Em 2004, ainda
desinformado a respeito das substâncias que o haviam intoxicado, descobriu
que estava hipertenso. Hoje, aos 39 anos, ele tem eosinofilia, inflamações
constantes na garganta, virilha, perna, hepatomegalia (fígado crescendo),
tremores nas extremidades, perda de memória, ansiedade, perda de
concentração e zumbido no ouvido. Além disso, há suspeita de linfoma, ainda
não resolvida após vários exames, e de alterações cromossômicas que causam
morte precoce – para investigar essas últimas, Romildo não consegue ser
examinado gratuitamente nas instituições públicas e não tem dinheiro para
fazer isso em instituições privadas. As doenças diagnosticadas e as
suspeitas são compatíveis com seu histórico ocupacional.
Mês passado,
encontrou o SITICOMMM (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da
Construção Civil, Montagem Industrial, Mármore e Granitos, Mobiliário e Vime
de Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Magé e Guapimirim), que o
encaminhou para o exame citogenético, mas ele ainda espera que a justiça
estabeleça uma perícia médica.
Nas últimas semanas, Romildo
recebeu o apoio do Programa Brasil Sustentável e Democrático, e de entidades
que fazem parte da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, através de adesões
a uma carta aberta que será entregue ao seu advogado. (Jornal do Meio
Ambiente, 05/11)