Madeirantiga é o sugestivo nome do projeto vencedor do Prêmio CNI 2005, na categoria Desenvolvimento Sustentável - Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, conquistado pela empresa baiana Magma Empreendimentos Urbanísticos, do designer de móveis e ambientalista José Flávio Mota. O projeto utiliza árvores já mortas, sobretudo jaqueira, por não ser nativa da Mata Atlântica, na produção de móveis arte-ecológicos nas oficinas instaladas nos municípios de Cruz das Almas e Wenceslau Guimarães.

Com essa iniciativa, conta o consultor do projeto e ambientalista Vasco Zugno Aguzzoli, a Magma, através do Ateliê Flávio Mota, tem conseguido oferecer uma alternativa de renda para dezenas de ex-desmatadores, que ficaram desempregados desde a proibição da comercialização de madeira da Mata Atlântica pelo Ibama.

— Esses homens têm um talento muito grande com a motosserra, mas com a proibição da comercialização da madeira ficaram marginalizados, sem uma alternativa de sobrevivência - explica Aguzzoli, garantindo que muitos desses ex-madeireiros estão atuando como multiplicadores, transmitindo mensagens de conscientização ecológica.

Além das oficinas de Flávio Mota, que já exportam móveis sofisticados, com formatos que demonstram a preocupação do design com a ergonometria, para a Itália, a Alemanha e a Martinica, cinco pequenos negócios foram montados a partir dos ensinamentos do Madeirantiga. Cada município de antiga vocação madeireira possuía em média 40 desmatadores, cada um deles com capacidade para derrubar de 40 a 80 árvores por dia.

— Desde a proibição, 60% deles migraram para o Pará e os que resistiram ficaram marginalizados - frisou o consultor, que desenvolve junto com Flávio Mota, ainda, o Programa de Salvação da Mata Atlântica, um projeto de educação ambiental que tem como objetivo a preservação dos remanescentes da Mata Atlântica.

O Prêmio CNI 2005, criado com o objetivo de estimular as boas práticas de empresas que contribuem com o aumento da competitividade da indústria nacional, foi entregue no dia 25 de outubro em solenidade na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). (Correio da Bahia, 04/11)