Arroz transgênico imuniza roedores contra alergia
2005-11-04
Pelo menos um grupo de mamíferos, os camundongos de laboratório japoneses, já pode cantarolar à vontade sem temer um ataque de alergia a pólen. Basta comer o arroz transgênico especial que um grupo de cientistas acaba de preparar --ele contém uma vacina que impede as crises.
Os roedores mais uma vez são os maiores privilegiados na busca de remédio para uma doença, mas o objetivo final dos cientistas é mesmo desenvolver uma vacina antialérgica para os humanos. Mas ninguém deve prender a respiração.
–Testes clínicos serão exigidos para estender nossas descobertas para o desenvolvimento de vacinas baseadas em arroz como uma imunoterapia para o controle da alergia [em humanos]–, dizem Hidenori Takagi, do Instituto Nacional de Ciências Agrobiológicas do Japão, e colegas, num artigo publicado na última edição do periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, PNAS (www.pnas.org).
O que os cientistas fizeram foi introduzir no arroz genes que trazem a receita para a fabricação de dois pequenos pedaços de proteínas contidas no pólen de uma espécie de planta conhecida como o cedro japonês (espécie Cryptomeria japonica). Sabe-se que esses dois arremedos protéicos, quando inalados na forma de pólen, se encaixam nas células-T --os leões-de-chácara do sistema de defesa do organismo-- e disparam a reação alérgica.
Em compensação, camundongos alimentados com o arroz contendo essas substâncias não só não passaram pela típica alergia mas também acabaram por –interpretar– os tais compostos como inofensivos --o organismo passou a ignorá-los.
Depois das refeições de arroz transgênico, os animais expostos ao pólen de verdade não sofriam da reação alérgica, pois o organismo havia aprendido a ignorar os sinais que disparam o sistema imunológico. Os cientistas agora pretendem desenvolver e testar um arroz transgênico com as mesmas propriedades em humanos. Eles destacam as vantagens de usar uma planta como forma de ministrar a vacina. –Sementes de arroz podem servir como um novo e eficiente veículo para a entrega de moléculas farmacêuticas–, dizem. (FSP, 1º/11)