Usina eólica faz barulho em Osório
2005-11-04
Por Geraldo Hasse *
O Doutor João Junqueira, engenheiro-chefe da obra de construção da usina eólica de Osório, disse na quarta-feira (2/11) a um público predominantemente estudantil na Câmara de Vereadores que o município vai virar atração turística internacional quando estiverem em operação os 75 cataventos gigantes da Enerfin, em 2006.
Os turistas que não quiserem ou não puderem chegar perto poderão ver a usina de um mirante a ser construído no Morro Borússia, de 300 m de altitude, onde estão instaladas antenas de rádio, televisão e telefonia; o local é usado há 25 anos por praticantes de vôo livre. O Borússia tem esse nome em homenagem à Bielo-Rússia, local de origem de imigrantes (alemães, então) atraídos por um projeto de colonização ali iniciado no final do século XIX. Do morro, em dias claros, se avista toda a redondeza, de Capão da Canoa a Tramandaí, na costa atlântica.
Segundo o Doutor Junqueira, o primeiro catavento entrará em funcionamento em janeiro de 2006. Quando os 75 cataventos projetados estiverem operando, produzirão energia suficiente para abastecer uma população de 400 mil habitantes.
Os cataventos começam a girar quando o vento alcança cinco metros por segundo, podendo chegar a 22 rotações por minuto; quando o vento passa de 10 m/s, o aparelho desliga automaticamente, como medida de segurança. O tempo de vida útil de cada instalação é de 40 anos.
Um dos argumentos centrais da palestra de Junqueira foi que, ao aproveitar a energia dos ventos, a Elecnor vai ajudar a economizar água dos reservatórios de usinas hidrelétricas. Ao responder a perguntas, o engenheiro disse que o preço da energia não vai cair por causa da utilização do vento; que no futuro a origem da energia — eólica ou hidráulica — vai fazer diferença para o meio ambiente, por causa da escassez da água e da abundância dos ventos.
Quanto ao impacto ambiental, a maior preocupação foi com as aves, estudadas durante quatro anos antes da elaboração do projeto dos três conjuntos de 25 cataventos, que ficarão no topo de torres de concreto de 98 metros de altura. Por fim, revelou que no giro máximo os cataventos fazem um ruído (vu-vu-vu) semelhante ao de um bumerangue em movimento ou de quando se lança um pau girando no ar.
* Geraldo Hasse está publicando semanalmente com exclusividade no Ambiente Já O Diário dos Ventos, série sobre a construção do maior parque de geração de energia eólica do Brasil, em Osório, no Rio Grande do Sul.