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2005-11-03
Os plantios de eucalipto e seu processo de industrialização no Espírito Santo são atividades insustentáveis. A denúncia está sendo publicada na edição 99, de outubro de 2005, do Boletim do World Rainforest Movement (WRM). O texto é disponível em português, francês, espanhol e inglês.

O texto publicado no WRM é do inglês radicado na Alemanha, Chris Lang. Lang participou do Seminário Internacional Sobre Eucalipto e Seus Impactos, promovido pela Assembléia Legislativa no Espírito Santo, em 2001.

Chris Lang denuncia que a empresa tomou terras dos índios; que a Aracruz Celulose desviou o rio Doce apenas para atender a demanda de suas fábricas, entre outras irregularidades.

Em trecho do artigo afirma: A fim de abrir caminho para suas plantações, a Aracruz destruiu mais de 50.000 hectares de Mata Atlântica. Os tratores em pares unidos com uma corrente se introduziram através da floresta, destruindo tudo o que aparecia no caminho. Os animais foram esmagados pelas árvores derrubadas ou pela maquinaria. A Aracruz foi multada pelo Ibama, o órgão brasileiro de proteção ambiental por plantar em áreas protegidas.

E, noutro ponto: — Eu vi a maciça e fedorenta planta de celulose. Eu ouvi como a companhia despejava sua água residual pela noite-, diz no seu artigo sobre as fábricas da Aracruz Celulose.

Os plantios em grande escala de eucalipto destinado à produção de celulose causam grandes impactos sociais nos países emergentes na Ásia, África e América Latina.

O texto do WRM tem como título Brasil: Aracruz - sustentabilidade ou negócios como de costume?.

A íntegra do artigo é a seguinte: —Há seis meses, os povos indígenas Tupinikim e Guarani reclamaram contra a Aracruz Celulose - a gigante companhia brasileira de celulose por 11.000 hectares de seu território. Eles derrubaram milhares de árvores de eucaliptos para demarcarem seu território e construíram duas aldeias indígenas com um grande templo religioso e várias casas ao redor. Muitas famílias indígenas estão morando nessas casas.

No início deste mês, 300 índios Tupinikim e Guarani e seus defensores ocuparam o edifício da administração central do complexo da planta de celulose da Aracruz durante 30 horas, a fim de protestarem contra a interferência da Aracruz no reconhecimento oficial de seus direitos territoriais.

Os povos Tupinikim e Guarani têm tentado reaver suas terras da Aracruz desde 1979. Em 1997, a FUNAI reconheceu 18.071 hectares como pertencentes aos povos Tupinikim e Guarani. Contudo, eles apenas puderam reclamar por cerca de 7.000 hectares de suas terras devido à pressão que a Aracruz exerceu sobre o governo federal.

A Aracruz Celulose iniciou suas operações de plantios no Estado do Espírito Santo em 1967, durante a ditadura militar que governou o Brasil desde 1964 até 1985. —Quando a companhia chegou, esses povos saíram. Eles não tinham condições de resistirem. Eles foram forçados a deixar o território e, mesmo que ameaçado, Eugênio Francisco, um Tupinikim da aldeia de Lancha disse aos fiscais da FUNAI- o órgão brasileiro dos assuntos indígenas, em 1994, —A companhia tomou tudo-.

A Aracruz construiu sua primeira planta de celulose onde estava localizada uma aldeia Tupinikim chamada Povoado dos Macacos. A Aracruz forçou aproximadamente 7.000 famílias a se deslocarem das terras que estavam ocupando.

Atualmente, a Aracruz é o maior produtor de celulose branqueada de eucalipto no mundo. Em 2004, a companhia produziu 2.5 milhões de toneladas de celulose, 97 por cento da qual foi exportada. Os maiores clientes da Aracruz são Procter & Gamble e Kimberly Clarke, sendo responsáveis por 45 por cento das vendas da companhia.

A Aracruz possui 252.000 hectares de plantações de eucaliptos nos estados de Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Além disso, a companhia desenvolve o Forestry Partners Programme (Programa Produtor Florestal), abrangendo 71.000 hectares de árvores de eucaliptos, manejadas e plantadas por agricultores.

A fim de abrir caminho para suas plantações, a Aracruz destruiu mais de 50.000 hectares de Mata Atlântica. Os tratores em pares unidos com uma corrente se introduziram através da floresta, destruindo tudo o que aparecia no caminho. Os animais foram esmagados pelas árvores derrubadas ou pela maquinaria. A Aracruz foi multada pelo IBAMA, o órgão brasileiro de proteção ambiental por plantar em áreas protegidas.

Os rios e os córregos secaram em decorrência das plantações de eucaliptos da Aracruz. A companhia causou danos a rios e desviou água do Rio Doce para suas plantas, com o impacto adicional sobre os fluxos de água na região. A pescaria em muitos rios da região desapareceu em grande proporção.

Em janeiro de 2004, em uma tentativa por melhorar sua imagem, a Aracruz contratou uma firma consultora com sede no Reino Unido chamada SustainAbility. A SustainAbility foi fundada em 1987 por John Elkington, o autor de livros como —The Green Capitalists- e The Green Business Guide. Ele descreve seu trabalho sobre os últimos 25 anos como focado principalmente em tentar atingir a sustentabilidade com negócios, através dos mercados.

A SustainAbility está desenvolvendo um Plano de Sustentabilidade para a Aracruz. Jodie Thorpe da SustainAbility explicou que a SustainAbility identificou três áreas da estrutura da Aracruz como prioridades iniciais a serem aperfeiçoadas: compromisso com as partes, transparência e governança.

Porém, o sítio web da SustainAbility inclui muito pouca informação a respeito da Aracruz e nada em absoluto sobre os registros da Aracruz. Não menciona nada sobre a luta dos Tupinikim e Guarani por suas terras.

Nenhum dos relatórios que a SustainAbility elaborou estão disponíveis ao público. —Ao mesmo tempo que nós encorajamos e apoiamos a transparência, eu espero que você possa perceber que não temos liberdade para compartilharmos este trabalho publicamente,- Thorpe explicou.

Longe de criticar a Aracruz, o sítio web da SustainAbility declara que a Aracruz Celulose tem um compromisso de sustentabilidade de longa data.

Eu escrevi para Elkington a fim de perguntar como ele responde à crítica que diz respeito à SustainAbility estar ajudando a dar uma fachada verde a uma companhia controversial. Não é nossa propósito em absoluto-, ele respondeu. Elkington explicou que o sítio web da SustainAbility faz referência ao claro compromisso corporativo da Aracruz quanto à sustentabilidade. Na minha opinião, ele escreveu, não fica nenhuma dúvida de a Aracruz ter ainda um enorme trabalho a fazer antes de poder ser reivindicada considerada algo como uma companhia sustentável. Neste ponto, portanto, nós estamos de acordo, eu visitei a Aracruz em agosto de 2001. Estive lá para participar de um seminário internacional sobre os impactos das plantações de eucaliptos. A Aracruz também foi convidada. Eu pretendia ouvir como o staff da Aracruz iria responder ao estar enfrentada com centenas de membros da comunidade que vivenciavam os impactos provocados pela companhia. Porém, a Aracruz se recusou a comparecer no seminário.

Enquanto eu estava lá, visitei as aldeias dos Tupinikim e Guarani e escutei os problemas que eles tinham enfrentado desde que a Aracruz tinha tomado posse de seu território. Pude ver as vastas áreas de estéreis plantações industriais de eucaliptos. Uma aldeia Tupinikim que eu visitei estava circundada por plantações. Eu vi a maciça e fedorenta planta de celulose. Eu ouvi como a companhia despejava sua água residual pela noite. E participei de uma passeata com centenas de pessoas através do Estado do Espírito Santo a fim de protestarmos contra as atividades da Aracruz.

Há alguns anos, Elkington escreveu que — muito do que quer parecer desenvolvimento sustentável se parece muito mais com os negócios de sempre-. Aparentemente a firma consultora de Elkington, a SustainAbility, está atualmente provando que essa declaração é verdadeira.
Por Chris Lang, E-mail: chrislang@t-online.de O endereço do WRM é: http://www.wrm.org.uy (Século Diário, 1/11)

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